Os Gritos do Silêncio, por Léo Mendes
No final, não nos lembraremos das palavras dos nossos inimigos,
mas do silêncio dos nossos amigos.
(Martin Luther King Jr.)
Sempre tive no Cinema e na Música (com “M” maiúsculo) referências para a construção de minha visão de mundo. E foi a partir destas referências que me veio a inspiração para as breves considerações que ora lanço.
No caso específico, estou me aludindo ao filme “Os Gritos do Silêncio” (de Roland Joffé), de onde, aliás, retirei o título e à letra da música “Sound of Silence” (“O Som do Silêncio”, numa tradução livre, de Paul Simon), que me inspirou algumas reflexões sobre certos aspectos da atual disputa eleitoral em Parauapebas.
Já destacamos em outra oportunidade a enorme força mobilizadora do barrismo político em nossa cidade; várias vezes reforçado nos discursos e práticas de candidatos e eleitores que em diversas ocasiões apelam, com algum êxito, para que nossos cidadãos votem em “nossos” candidatos, para que "Parauapebas não fique sem voz”.
Penso que não há o que se discutir acerca da eficiência eleitoral deste apelo. Na verdade, acredito inclusive que é bem maior do que normalmente se imagina; e nasceu na histórica luta pela emancipação em relação a Marabá, entre 1987 e 1988, provavelmente o mais notável momento de sua expressão.
De então por diante, esse barrismo aflora, por vezes estridente, até mesmo histérico, como o foi na campanha do plebiscito para criação do Estado do Carajás; outras, de modo mais contido ou mais difuso, diluído pelos meandros dos grupos sociais que dão expressão às aspirações de nossa cidade.
Mas, invariavelmente recrudesce em anos eleitorais, como estamos assistindo agora.
Talvez, por isso, estejamos assistindo ao gradativo fortalecimento de candidaturas parlamentares mais enraizadas com Parauapebas, político, social e culturalmente falando, como é o caso da postulação a deputado federal de Miquinhas da Palmares (PT).
E, ao mesmo tempo, por outro lado, percebamos uma crescente resistência, inclusive nas hostes governistas instaladas na prefeitura municipal, ainda que em “estrondoso silêncio”, à candidatura a deputado estadual do ex-prefeito de Curionópolis Chamozinho (MDB), apesar dos esforços do prefeito Darci Lermen.
A resistência acima apontada, e já não tão silenciosa e nem discreta, se espalha pela sociedade, se estende aos diversos grupos sociais, se imiscui pelos grotões da sociedade, vendo no dito pretendente um elemento exógeno, estranho à Parauapebas!
Nesse esbaldar de desconfianças e barrismos, há mesmo quem desconfie que as pretensões do pretensioso pretendente mirem o próprio Palácio dos Ventos, fazendo de sua votação sorrateiro experimento para (quem sabe?), no médio prazo, suceder seus “principal padrinho”!
E são nesses abismos da política, dos conflitos e das disputas, que os maiores silêncios, gritam e fazem eco!
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