Edital do ‘concurso dos concursos’ da Prefeitura de Parauapebas congestiona sites
Expectativa é de que cargo de auxiliar administrativo, que paga acima de R$ 4 mil líquidos, atraia 25 mil candidatos, enquanto o de procurador, cujo vencimento parte de R$ 22 mil, atraia 2 mil advogados. Em Belém, candidatos estão alvoraçados e profetizando: “Partiu, Pebinha!”
Os portais da Prefeitura de Parauapebas e da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp), banca contratada para organizar o tão aguardado concurso da prefeitura, nunca foram tão acessados como nesta terça-feira (26), quando o município publicou oficialmente o edital do certame que promete arrebanhar multidões. Em alguns momentos, por picos de acesso, os sites chegaram a travar, muito embora até as 12 horas de hoje o edital ainda não estivesse disponível no site da Fadesp.
O desespero tem nome: cargos de auxiliar administrativo e procurador municipal. Não se fala em outra coisa na cidade que não sejam as 112 vagas para o cargo de auxiliar administrativo, que paga, de início, R$ 4 mil “limpo e seco”, e, entre os formados em Direito, a fofoca é sobre as duas oportunidades para procurador, cujo salário-base inicial parte de R$ 22 mil, sem contar o vale-alimentação, de R$ 1.112.
Ao se espalhar como rastilho de pólvora, a notícia do concurso deixou em alerta até mesmo as minas de Carajás, onde as chefias já estão preocupadas com a quantidade de empregados da mineradora multinacional Vale flagrados com apostilas de estudo para o concurso da prefeitura, onde alguns cargos de nível médio — especialmente aqueles que têm gratificação de 100% — podem chegar a pagar mais que o salário de engenheiros com alguns anos de experiência na casa.
Hoje, o edital do concurso foi visto circulando em grupos de WhatsApp dos estados do Maranhão, Tocantins, Goiás, São Paulo, Paraná e Acre. Em Belém, não se fala em outra coisa que não seja o concurso de Parauapebas. Nos grupos de zap da metrópole paraense, a frase de ordem é “Partiu, Pebinha!”.
É da capital do estado, aliás, de onde frequentemente saem 70% dos classificados dentro das vagas imediatas oferecidas nos editais de concurso da Capital do Minério. A expectativa é de que as 320 vagas movimentem 70 mil inscritos, sendo que 25 mil deles devem marchar rumo às vagas de auxiliar administrativo. Já o cargo de procurador, mesmo com duas “suadas vaguinhas”, deve atrair não menos que 2 mil interessados.
Bafafá nos bastidores
O cargo de auxiliar administrativo não surgiu no edital sem antes render picuinha. É que uma comissão de servidores do cargo foi chorar pitangas ao Comitê Gestor da prefeitura, pedindo a retirada das vagas do edital e, em contrapartida, sugerindo a inserção de 558 vagas para o novíssimo cargo de agente de atendimento ao público, criado no meio deste ano na esteira do projeto que majorou cargos. A proposta dos auxiliares — que, no entanto, não agradou nem mesmo quem já está concursado no cargo — só não levou em consideração o fato de que o cargo de agente de atendimento ao público não tem 558 vagas disponíveis, mas apenas 137 em sua lei de criação.
A Prefeitura de Parauapebas parece ter ignorado o pedido tido por mirabolante e seguiu com o edital, para alegria de quem está de fora e quer entrar, inclusive muitos parentes dos atuais auxiliares concursados. “Não adianta chororô. As vagas ofertadas para o cargo de auxiliar administrativo são decorrentes de vacâncias, por falecimentos, exonerações a pedido, aposentadorias. Segue o baile”, ironizou uma fonte do alto escalão da prefeitura ao Blog.
Obrigada pela Justiça
A realização de concursos públicos em Parauapebas, não é demais lembrar, é cobrança recorrente do juiz Lauro Fontes Júnior para regularizar a situação da prefeitura, que num passado recente chegou a ter muito mais servidores temporários que concursados. O edital lançado nesta terça é o segundo da interminável série “Eu vou me ajustar” do governo de Darci Lermen, que já havia realizado um certame ano passado, mas que até hoje nunca chamou todos os classificados dentro do número de vagas imediatas, como é o caso dos agentes comunitários de saúde. A previsão é de outro concurso em 2024.
A partir de 1º de janeiro do ano que vem, nenhum temporário ingressará nos quadros da Administração Municipal sem que tem passado por processo seletivo ou concurso público. Para os futuros temporários, os salários vão diminuir em relação aos de efetivos e as gratificações de 100% serão extintas. Processos seletivos também estão previstos para este semestre.
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