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segunda-feira, 22 de abril de 2024

Vale prevê fim das minas de Parauapebas até 2038, aponta relatório



Vale prevê fim das minas de Parauapebas até 2038, aponta relatório

Nos últimos 20 anos, prefeitura recebeu quase R$ 22 bilhões, mas não conseguiu se livrar da dependência da mineradora e da atividade de lavra que ela executa na Serra Norte de Carajás

“O atual plano de vida útil da mina vai de 2023 a 2038.” É com essa frase lacônica que a mineradora multinacional Vale profetiza o fim da atividade da extração de minério de ferro na Serra Norte de Carajás, porção do complexo mineral mais famoso do mundo situado dentro dos limites do município de Parauapebas.

A informação foi levantada com exclusividade pelo Blog Sol do Carajás e consta do novíssimo Relatório Anual que a empresa depositou esta semana na Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, detalhando, em 240 páginas, o estado de coisas de suas operações no Brasil e no mundo.

Mas calma: o fim das minas de Parauapebas não significa, nem de longe, o fim de Parauapebas em si, embora este só sobreviva hoje por causa da atividade praticada naquelas, e aquelas por causa do solo deste. Segundo a Vale, mesmo com a abertura de novas áreas de lavra para extração nos corpos minerais N1, N2 e N3, dará para esticar a vida útil da mineração de ferro no município até, no máximo, 2045. É que esses corpos, juntos, têm menos minério que N4, por exemplo, que está em atividade desde 1984.

Prioridade da Vale é Canaã

Não é de hoje que o município vem sendo avisado sobre o fim de sua atividade mineral, por meio de publicações em portais de notícias como Pebinha de Açúcar, Zé Dudu e aqui mesmo neste Sol do Carajás. Vários trabalhos acadêmicos vêm sendo produzidos sobre isso, mas o município segue alheio aos fatos, dando milho aos pombos. E ainda há céticos e charlatães intelectuais que tentam desconversar, desvirtuar ou minimizar os alertas.

Hoje, a prioridade da Vale é a mina de Serra Sul, nos domínios do município de Canaã dos Carajás, onde há mais minério medido, provado e provável de encontrar. A prioridade a Canaã é tamanha que o valor contábil — inclusive instalações e equipamentos associados — do complexo mineração da Serra Sul superou a Serra Norte: a mina de Canaã, com apenas 7 anos de idade, valia, em 31 de dezembro de 2023, cerca de 4,742 bilhões de dólares (R$ 24,66 bilhões a preços de hoje), ao passo que a mina de Parauapebas, com 40 anos, valia em torno de 3,225 bilhões de dólares (R$ 16,77 bilhões).

Parauapebas depende da Vale

Tire a Vale do município de Parauapebas e pague para ver o que acontece. Às vésperas de seus 36 anos de emancipação, a Capital do Minério não conseguiu se tornar independente da mineradora, que está circulando por terras paraenses desde o final da década de 60, com várias roupagens.

Sem Parauapebas, a Vale continuará a ser Vale, especialmente pelo que vislumbra em terras vizinhas que emanam pão e mel de minério de ferro. No entanto, sem a Vale, há dúvidas se Parauapebas continuará a ser a Parauapebas rica e pujante que se conhece hoje, à sombra de fontes robustas de dinheiro vivo, como a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem) e o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), receitas que, também, hão de perecer a cada vez que a mineração der passos para trás prenunciando seu apocalíptico fim.

Arrecadação a mais de 1.000%

Em 20 anos, entre 1º de janeiro de 2005 até dia 15 de abril deste ano, a Prefeitura de Parauapebas viu entrar nos cofres do município R$ 21,875 bilhões. No longínquo ano de 2005, quando a população era de apenas 92 mil habitantes, a receita líquida da Capital do Minério foi de somente R$ 202,67 milhões. Já em 2023, quando cravou 267 mil moradores e ultrapassou Marabá em população, a receita chegou a R$ 2,56 bilhões. Em termos proporcionais, enquanto a população aumentou 190% no período, o que não é pouco, a receita explodiu 1.163%, com pico de arrecadação em 2021, quando atingiu R$ 2,798 bilhões, cifra que dificilmente será alcançada daqui para frente.

Um dia, lá no futuro, quando e se as reservas minerais da Serra Norte de Carajás findarem, pela intensidade com que a Vale retira e esgota os recursos do município, ou mesmo quando e se a multinacional perder o interesse pelo produto de Parauapebas em razão de outras potencialidades econômicas comercialmente mais viáveis e ou ecologicamente sustentáveis, todos esses números robustos vão ficar no imaginário de um passado bom e próspero que, no entanto, não soube preparar o futuro. A conferir.

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