CORONAVÍRUS - FIOCRUZ

CORONAVÍRUS - FIOCRUZ
TIRES SUAS DÚVIDAS SOBRE A PANDEMIA

quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

A república miliciana e seu braço togado que ataca e agride o presidente LULA

Lula é sistematicamente discriminado pelo Estado Brasileiro, por César Locatelli 


Imagem relacionada

Mais de 400 juristas repudiam decisão que impediu Lula de se despedir do irmão


A juíza federal Sra. Carolina Lebbos, a procuradora de justiça Sra. Carmem Elisa Hessel, o superintendente da Polícia Federal em Curitiba Sr. Luciano Flores, o desembargador Tribunal Regional Federal da 4ª Região Sr. Leandro Paulsen e o presidente do Supremo Tribunal Federal Sr. Dias Toffoli proibiram o ex-presidente Lula de se despedir de seu irmão Genival Inácio da Silva, falecido na terça-feira, 29/01.

Contrariaram, individual e coletivamente, aos olhos de quem se dispuser a ver, a norma mais cara ao mundo civilizado: ninguém pode ser submetido a torturas, nem a penas ou tratamentos desumanos ou degradantes. “Quem luta pela consolidação dos direitos fundamentais e acredita na Justiça como meio de construção de uma sociedade mais humana repudia esse abuso”, bradaram os juristas em nota publicada pela Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD).

A ação dessas pessoas é injustificável e imperdoável, como ressalta o ex-procurador Roberto Tardelli: “desde que o samba é samba, dificuldades materiais não podem impedir o direito do preso, de dar seu último adeus a um ente querido. Se a Polícia Federal não possui condições, então que permitisse que ele fosse por conta própria, coisa que já vi acontecer”.

Em texto publicado em seu perfil no Facebook, o ex-procurador Tardelli prossegue:

"A negativa, a par de abusiva, é sobremaneira cruel e reflete uma polícia que parece se comprazer com o sofrimento atroz que impôs a seu preso mais ilustre. Foi uma demonstração de um poder tirânico, que se coloca acima da lei, que despreza a lei por razões burocráticas, tão vazias quanto impiedosas.
Se Lula não for ao velório, se nada acontecer diante dessa absurda negativa, referendada pelo Ministério Público Federal, em um parecer desses que entrarão para a História, no que ele possui de delirante, então, a conclusão única a se permitir: vivemos em um estado de exceção, em que direitos elementares são ignorados em nome de razões oficiais carimbalistas."

As condições impostas por Toffoli, ou por quem o comanda, são, em última análise, uma rejeição ao pleito de Lula. Toffoli deu sua decisão em horário bastante próximo ao marcado para o enterro, sem que houvesse tempo hábil para a ida do ex-presidente ao enterro. Além disso, o ministro determinou que, para que Lula pudesse vê-lo, o corpo do irmão do ex-presidente deveria ser levado a uma unidade militar e deveria ser proibido o uso de celulares e de outros meios de comunicação externos. A presença de imprensa e a realização de declarações públicas foram igualmente vedadas.

“É preciso que Lula, em nenhuma hipótese, seja visto ou ouvido. É preciso que ele morra em vida, na escuridão do silêncio.” Assim Fernando Brito, do Tijolaço, resumiu com precisão o que mais uma vez ficou evidente no tratamento dado ao ex-presidente.

“Seria muito melhor que ele tivesse indeferido” afirmou o professor de Direito Processual Penal Sérgio Graziano. “A lei é clara, entretanto todas as esferas consultadas deixaram de cumpri-la. Isso soa muito mais como um deboche" afirma o jurista em relação ao deferimento da autorização. “E o pior é essa faceta estranha de colocar os militares como paladinos da ordem, da moralidade, da certeza do cumprimento de decisões”, criticou.

Perguntado se a constante violação das leis, que observamos, se devia à formação dos advogados, Graziano afirma que o cumprimento das leis, por parte de advogados, juízes, promotores e delegados, depende muito mais da formação dessas pessoas do que propriamente da formação do advogado. Ele entende que o modo de produção capitalista impõe uma competição desregrada ao ser humano e leva nossa sociedade a uma situação em que vale-tudo também na aplicação da Justiça. Ele conclui:

“Essa decisão do ministro Toffoli, infelizmente, é uma decisão absolutamente ilegal, mas normal, dentro do padrão de mundo, do padrão de formação de cultura, uma cultura escravocrata, uma cultura de exclusão do outro, que nós vivemos. É muito mais do que a formação do jurista, essa questão ultrapassa tudo isso e chega à nossa formação de séculos.”

Sobre a decisão do ministro, o advogado criminalista Fernando Hideo é categórico "nega-se o direito de estar presente no sepultamento do irmão e confirma-se a ascendência militar em mais uma medida de exceção contra Lula. Nem a ditadura militar foi tão cruel e arbitrária com Lula."

Os mais de 400 advogados, professores universitários e defensores que assinam a nota publicada pela ABJD repelem as discriminações que sistematicamente vêm sendo impostas ao ex-presidente Lula:

Lula não deve ser tratado de forma mais benevolente que qualquer cidadão brasileiro, mas a Justiça não pode furtar-lhe um direito fundamental, a pretexto da incapacidade da poderosa Polícia Federal assegurar o seu legítimo exercício. Ao negar um direito individual indiscutível, de caráter humanitário, ao ex-Presidente Lula, argumentando-se com sua condição pública e política, o Estado Brasileiro claramente viola uma das Regras de Mandela das Nações Unidas sobre o tratamento de presos: “Estas Regras devem ser aplicadas com imparcialidade. Não haverá discriminação baseada em raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou qualquer outra opinião, origem nacional ou social, propriedades, nascimento ou qualquer outra condição”.

Lula vem sendo discriminado sistematicamente pelo Estado Brasileiro por suas opiniões políticas, ao ponto de ver cerceado seu direito à manifestação. O Estado Brasileiro impediu Lula de ser candidato a Presidente da República. O Estado Brasileiro impediu Lula de dar entrevistas. O Estado Brasileiro impede que Lula chore por seu irmão.

"Eu nunca indeferi esse tipo de pedido em 20 anos de magistratura. É [para quem está preso] um sofrimento indescritível", disse o juiz da Vara de Execuções Penais do Amazonas, Luís Carlos Valois, à jornalista Maria Carolina Trevisan. "Existe uma cultura de achar que o preso é um objeto do Estado. Mas ele não é. É um cidadão que está cumprindo pena e que tem direitos e deveres. O Estado deve fazer o máximo para que esse direito seja contemplado."

“(…) o judiciário se expôs e evidenciou um viés persecutório e cruel, elevando a angústia e o sofrimento de quem já está encarcerado. Não se trata gente assim”, finalizou Trevisan.

__________________________________________________

Notas

1 Para ver a íntegra da nota de repúdio da ABJD à decisão que impediu o ex-presidente Lula de comparecer ao enterro do irmão:

https://drive.google.com/file/d/1zvUsENWUFpvp60Xw9VUX2Gqfi-II6vzP/view

2 Para ver o texto completo do ex-procurador Roberto Tardelli em seu perfil no Facebook:

https://www.facebook.com/roberto.tardelli/posts/10214639124039993

3 Para ver a matéria de Fernando Brito, Lula não é só preso político, é um homem que não pode ser mais visto, no Tijolaço:

http://www.tijolaco.net/blog/lula-nao-e-so-preso-politico-e-um-homem-que-nao-pode-ser-mais-visto/

4 Sérgio Graziano, Fernando Hideo e Roberto Tardelli são membros da ABJD e signatários da nota de repúdio da ABJD.

5 A matéria Justiça expõe viés persecutório ao dificultar ida de Lula a enterro, de Maria Carolina Trevisan, está em: https://mariacarolinatrevisan.blogosfera.uol.com.br/2019/01/30/justica-expoe-vies-persecutorio-ao-dificultar-ida-de-lula-a-enterro/

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

BOMBA: Veja vídeo de BOLSONARO ameaçando extinguir os fiscais ambientais

Bolsonaro - o responsável moral pela tragédia em Brumadinho-MG, mesmo depois do criminoso desastre em Mariana-MG, o presidente amigo de miliciano ainda ameaça extinguir a carreira de fiscais ambientais no Brasil - veja o vídeo




Bolsonaro ameaça fiscais

O vídeo revela a intenção desse sujeito em apoiar ações que causam criminosas tragédias do tipo BRUMADINHO-MG.

Esse quadro de descontrole social e ambiental foi agravado desde a eleição de BOLSONARO, que praticamente inviabilizou qualquer fiscalização das mineradoras tipo a VALE.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

BRUMADINHO: CRIME AMBIENTAL - a privatização e os lucros absurdos da VALE - o CRIME CAPITAL

O alerta do prefeito de Parauapebas-PA sobre o maior crime cometido pela VALE - seus lucros absurdos, a causa de todos os outros crimes da mineradora




De 2004 a 2017 foram distribuídos mais de 40 BILHÕES DE DÓLARES para os acionistas

O Brasil tem cerca de 106 milhões de pessoas que vive apenas com um salário mínimo/mês. O Brasil tem 54 milhões de pessoas pobres. O Brasil tem mais de 15 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza. O Brasil está entre os nove países mais desiguais do mundo.

Permitir que uma mineradora que nem a VALE, a pior empresa do mundo, atue sem qualquer controle social e ambiental distribuindo LUCROS ABSURDOS  e jogando a população das áreas onde atua na miséria e na lama é o CRIME CAPITAL. 

A VALE, entre 2004 e 2017, distribuiu mais de 40 BILHÕES DE DÓLARES de lucros para os seus acionistas, especuladores malandros que compraram a empresa a preço de banana durante o governo FHC.

O crime de FHC e o governo de milícias que domina o Brasil

O crime de FHC ao privatizar a Companhia Vale do Rio Doce até hoje não foi objeto de qualquer inquérito ou operação tipo a farsesca LAVA JATO, ao entregar a preço de banana a maior mineradora do mundo se permitiu os crimes de MARIANA-MG e BRUMADINHO-MG, logo será a vez de Parauapebas-PA, se nada for feito pela população brasileira, tudo será apenas uma questão de tempo.

Nada podemos esperar do atual governo de milícias que comanda o Brasil: milícias togadas e milícias fardadas.

O crime da VALE em BRUMADINHO-MG revela a incapacidade dos militares brasileiros, desmoralizados por Bolsonaro

Ao pedir ajuda ao Exército de Israel, Bolsonaro desmoraliza generais brasileiros, evidenciando que eles não passam de um "embromadinho"




Onde está a intervenção militar em Brumadinho? 

Por Fernando Brito - Publicado no TIJOLAÇO




"Chama a atenção nas imagens onipresentes da cobertura da mídia sobre o desastre de Brumadinho o fato de quase não aparecerem mas atividades de resgate militares do Exército Brasileiro.

Os helicópteros que vi trabalhando no resgate eram quase todos dos bombeiros e alguns aparentemente civis.

A contrário a toda hora, hoje, se fala dos 130 militares israelenses que estão voando para apoiar as buscas.

No site do Exército, até a manhã deste domingo, 48 horas após o rompimento da barragem, nenhum comunicado oficial sobre a mobilização, apenas links para jornais que noticiam uma nota oficial divulgada sexta-feira que fala no emprego de um helicóptero Jaguar e diz que estão “na situação de “prontidão para emprego imediato” 930 militares.

Muito, muito menos do que se empregou na intervenção em operações de segurança pública ou dos 3 mil que usou para cercar a comunidade da Mangueira, em 2017.

E não estamos falando numa área remota: o local do acidente fica a apenas 60 km de Belo Horizonte, que tem toda a infraestrutura para receber um deslocamento de tropas e equipamentos.

Divulgada cinco horas depois do acidente, a nota fala que o helicóptero – e dois outros da FAB e da Marinha” iriam pousar no aeroporto de Confins para também “dar apoio ao transporte do presidente da República, Jair Bolsonaro, na manhã do sábado (26)”.

A ação imediata, ainda mais onde o socorro, como acontece agora, pode ter de ser suspenso por riscos de novos rompimentos ou mesmo por mau tempo, é essencial.

Já que se fala tanto em “intervenção militar”, seria uma oportuna ocasião de vermos isso acontecer em Brumadinho.

Capacidade os militares têm. O que falta?"

______________________________________
PS. Agora, às 17 horas de domingo, dois helicopteros do Exército deram o ar da graça em Brumadinho, Um pousou na lama e depois decolou, o outro passou a grande altitude.

sábado, 26 de janeiro de 2019

BRUMADINHO: Tragédia é fruto do desdém de Bolsonaro, ele chegou a cogitar o fim do ministério do Meio Ambiente

Mais de 200 desaparecidos e MOURÃO, o general covarde, tenta livrar o governo Bolsonaro da sua inteira responsabilidade 

Presidente eleito ameaça o meio ambiente e colocou um condenado por improbidade pra administrar o setor, além de defender a flexibilização das regras ambientais




Tragédia é responsabilidade da agenda anti-ambiental do governo Bolsonaro 

A mineradora VALE, em 2015, na cidade de Mariana-MG, ou seja, nesse mesmo Estado, essa mesma empresa, causou a maior tragédia ambiental da história do Brasil, talvez uma das maiores do mundo. 

Bolsonaro, mesmo assim, o presidente do Brasil, um completo sem noção, sinaliza para as mineradoras que não precisam se preocupar com essa agenda, prometendo "afrouxar as regras ambientais".

Bolsonaro cancelou a realização da Conferência da ONU sobre o clima que seria realizada no BRASIL 

Alguém pode achar que o governo Bolsonaro começou ontem e que ele não tem nada com essa tragédia, é puro engano, talvez ele, o presidente, seja o principal responsável, dada a sua promessa de deixar por conta das empresas e o agronegócio o destino do meio-ambiente no Brasil, logicamente, diante disso, essa gente deixa de tomar os cuidados que a lei ambiental impõe, pois o presidente é o primeiro a incentivar tal comportamento.

Lembrem-se, para atacar a agenda ambiental e mostrar subserviência ao presidente dos Estados Unidos (TRUMP), Bolsonaro cancelou uma Conferência da ONU, que discutiria as mudanças climáticas e seria realizada no Brasil.

Agenda de destruição do meio-ambiente 

Completamente sem noção sobre a importância da agenda ambiental, Bolsonaro sinaliza para as grandes empresas, tipo a mineradora VALE, e para criminosos fazendeiros  do agronegócio, que a agenda ambiental não é prioridade para o seu governo, obviamente, esses setores passam a não investirem o suficiente para evitar esse tipo de tragédia que ocorreu em Brumadinho.

A promessa e o agir de Bolsonaro

Diante das promessas e do modo de agir do governo Bolsonaro, nomeando para ministro do meio-ambiente um condenado por improbidade, todos os envolvidos são incentivados a terem um comportamento danoso ao meio ambiente.

O presidente brasileiro trata com desdém e chegou a cogitar o fim do ministério do Meio Ambiente, ele quer  flexibilizar o devido e necessário licenciamento, deixando nas mãos das empresas, tipo a VALE, a fiscalização dos seus projetos que demandem gestão de recursos naturais.

A pergunta que não quer calar

Como um presidente do Brasil, depois da tragédia de Mariana, do aumento do desmatamento na Amazônia, ainda fala em flexibilizar o licenciamento ambiental?

O governador de Minas é mais sem noção que Bolsonaro

O demagogo ZEMA, atual governador de MG, cinicamente anuncia solidariedade às vítimas da VALE na tragédia de Brumadinho, mas tem dois secretários vindos de empresas de mineração.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

LULA: Paz e desenvolvimento para os povos

LULA: Paz e Desenvolvimento; Paz, Democracia e Segurança Internacional




Ele foi indicado por outro vencedor do prêmio por contribuições para a paz, desenvolvimento e a segurança internacional

Por Carlos Enrique Ruiz Ferreira*

Em seu testamento, Alfred Nobel estabeleceu um fundo com vistas a premiar, anualmente, as pessoas que se notabilizassem por promover grandes benefícios para a humanidade. Nobel estabeleceu 5 prêmios, dentre eles o da Paz. Este prêmio deveria ser outorgado “à pessoa que fez mais ou melhor na promoção da comunhão entre as nações, para a abolição ou redução de exércitos permanentes, e para o estabelecimento e promoção de processos de paz”.

Desde 1901 o Nobel da Paz foi concedido 99 vezes para 106 pessoas e 27 organizações. Dentre alguns personagens políticos premiados estão Woodrow Wilson (1919), Martin Luther King (1964), Adolfo Pérez Esquivel (1980), Nelson Mandela (1993), Jimmy Carter (2002) e Barack Obama (2009). Todos estes não apenas empreenderam esforços significativos, alcançando altos impactos para a paz e prosperidade mundiais mas, de igual forma, inspiraram milhares de pessoas aos sentimentos de solidariedade, esperança e perseverança por um mundo melhor.

Luiz Inácio Lula da Silva está sendo alçado a candidato ao Nobel da Paz em 2019 por intermédio do já agraciado Nobel Adolfo Pérez Esquivel. Esquivel é ativista dos direitos humanos e da não violência, e notabilizou-se por seus trabalhos no enfrentamento dos crimes de direitos humanos – assassinatos, torturas e desaparecimentos – ocorridos durante as ditaduras militares na América Latina.

A campanha iniciada por Pérez Esquivel conta atualmente com a adesão de quase 500 mil pessoas (abaixo-assinadas). Pudera, Lula modificou drasticamente a vida de milhares de pessoas no Brasil e no mundo, tornando-se um símbolo político de esperança pela paz e desenvolvimento dos povos.

Ainda que os elementos técnicos que fazem jus a Lula receber o prêmio sejam inúmeros, restringimo-nos aqui a ressaltar alguns daqueles que adquiriram notoriedade internacional. Em primeiro lugar está a contribuição de Lula no combate à fome e à pobreza, tema caro ao candidato por conhecer na pele o drama de milhares de pessoas que ainda passam fome e morrem por desnutrição. O segundo argumento centra-se nas contribuições para a segurança mundial e a democratização das relações internacionais. Em suma: Lula honra a conquista do Nobel seja por suas contribuições na seara da Paz e Desenvolvimento mas, também, no campo da Paz e Segurança Internacional.

Paz e Desenvolvimento

Retirante nordestino, Lula fez de sua experiência uma potência de luta e esperança. Reescreveu sua história, reinventando uma narrativa triste e recorrente na vida de milhares de brasileiros. Quem o conhece sabe que este tema é sua preocupação desde os primórdios do Partido dos Trabalhadores e tornou-se uma pedra de abóboda do conjunto das políticas públicas de seus dois mandatos presidenciais.

A revolução social promovida por Lula no Brasil foi composta, principalmente, por três políticas conjugadas: o Programa Bolsa Família, a valorização do salário mínimo e a introdução de créditos bancários (para programas de habitação mas também para os mais variados negócios ou necessidades dos mais pobres).

Neste âmbito, e do ponto de vista de seu reconhecimento internacional, o Programa Bolsa Família é o destaque principal. Esquivel em sua Carta lembra as palavras engajadas de Lula, que se tornaram célebres no mundo todo: “Precisamos superar a fome, a pobreza e a exclusão social. Nossa guerra não é para matar ninguém: é para salvar vidas”. Foi essa a mensagem mundial que Lula tornou um mantra nos mais variados espaços institucionais internacionais, da ONU ao Fórum Econômico de Davos e à OMC.

A convicção, o talento e a desenvoltura do ex-presidente Lula foram responsáveis pelo que a ONU considerou “um dos maiores programas de transferência de renda do mundo”, que abrangeu 26% da população em 2012, reduzindo a taxa de pobreza em 8 pontos percentuais (desde o início do programa até 2009). Ademais, o Programa teve impactos significativos na matrícula escolar e na diminuição do índice de Gini. O êxito do Programa foi tamanho que conseguiu retirar o país, em 2014, do Mapa da Fome, índice produzido pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação).

Mas, para além do Bolsa Família, as políticas públicas de Lula, seja na valorização do salário mínimo (entre 2002 e 2010 o aumento cumulativo foi de 57% em termos reais), seja nos programas de infraestrutura e incentivo à indústria (em especial o Programa de Aceleração do Crescimento), fizeram o país crescer economicamente de uma forma ímpar na história. O crescimento anual do PIB foi considerável e o país, na balança comercial, de um déficit médio de US$ 1,1 bilhão na Era Cardoso, alçou superávit acima de US$ 30 bilhões por ano, nos anos Lula. Se o desenvolvimento é conditio sine qua non para alcançar a Paz, Lula talvez tenha sido o maior líder, exemplo e expoente mundial desde, pelo menos, a segunda guerra mundial.

O fato é que Lula conseguiu materializar direitos há muito tempo consagrados internacionalmente. Estes direitos humanos foram expressos na esfera internacional a partir das declarações e tratados emanados da ONU, em especial a Declaração Universal dos Direitos Humanos, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional de Direitos Sociais, Econômicos e Culturais.

Paz, Democracia e Segurança Internacional

Apesar de invariavelmente figurar entre as 10 maiores economias do mundo, foi apenas durante os governos de Lula da Silva que o país foi reconhecido internacionalmente por suas potencialidades e protagonismo na busca da paz e da democracia na sociedade global. Provas desse prestígio são as expressões de legitimação e reconhecimento: Lula foi chamado de “o cara” pelo presidente da superpotência mundial Barack Obama; o país teve o seu Ministro de Relações Exteriores, o embaixador Celso Amorim, considerado como o “melhor chanceler do mundo” em 2009 pela prestigiosa revista Foreign Policy. Em primeiro lugar o Brasil contribuiu para a democratização das relações internacionais em diversos cenários.

Na ONU, por exemplo, o país se aliou à Alemanha, Japão e Índia (no chamado G-4) propondo uma reforma do Conselho de Segurança (CS) que contemplasse novos membros permanentes oriundos de países subdesenvolvidos. Ainda, na construção de uma agenda de paz nas relações internacionais, a UNASUL e a Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS) somaram esforços para um mundo mais pacífico. A ZOPACAS foi criada em 1986 mas foi durante o governo Lula que o Fórum ganhou maior organicidade e atuação. Já a UNASUL foi criada em 2008, com liderança e apoio insigne do Brasil. Lula mostrou ao mundo que quando se trata de cooperação entre os povos, do combate à pobreza, promoção de bem-estar e aliança regional pela paz não importam os matizes políticos dos governos, é fundamental transcendê-los em prol de objetivos comuns.

A UNASUL inovou juridicamente e praticamente em relação a todos os mecanismos de integração até então já vistos no continente americano. Em seu tratado objetiva a construção de uma “cidadania sul-americana”, buscando “uma cultura de paz em um mundo livre de armas nucleares e de destruição em massa” (esta uma das maiores preocupações de Alfred Nobel quando criou o prêmio para a Paz). Do ponto de vista operacional, foi a partir do Conselho de Defesa da UNASUL (e outros órgãos) que a organização atuou pela solução pacífica de controversas em episódios de desestabilização na Bolívia (na região de Pando em 2008) e entre a Colômbia e Venezuela (2010), no Equador (na sublevação da Polícia Nacional em 2010) e no Paraguai (com a deposição do presidente Fernando Lugo em 2012), além de promover uma cooperação imediata, multidimensional, quando do terremoto do Haiti em 2010.

A criação do BRICS, seu Banco de Desenvolvimento (que superou paradigmas da cooperação vertical) e do Fórum IBAS são algumas outras façanhas em que o Brasil teve papel singular. A construção de um mundo mais igualitário, democrático em suas relações, com o cuidado devido aos povos mais pobres e ao desenvolvimento, sem dúvida foram marcas indeléveis deste retirante nordestino, metalúrgico, ex-presidente da República Federativa do Brasil e um grande cidadão do mundo. Reconhecemos Lula como um líder mundial de grande envergadura, daqueles que surgem uma vez ou outra na História da Humanidade. Seu Nobel significa reconhecer essa grandeza e enaltecê-la, seu Nobel representaria um prêmio para a luta dos povos em busca do desenvolvimento, de uma sociedade mais justa e igualitária, e de um mundo mais seguro e democrático internacionalmente. Seria e será uma verdadeira celebração da Paz.

___________________________

* Carlos Enrique Ruiz Ferreira é doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo e pós doutor em Filosofia pela mesma casa. Professor de Relações Internacionais da Universidade Estadual da Paraíba, membro do Grupo de Reflexão em Relações Internacionais e atualmente conselheiro e presidente do Conselho Estadual de Educação da Paraíba.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Os laços do clã Bolsonaro com o "ESCRITÓRIO DO CRIME", a milícia mais poderosa e sanguinária do Rio de Janeiro



Resultado de imagem para familícia


A CRONOLOGIA QUE MOSTRA A LIGAÇÃO DO CLÃ BOLSONARO COM O ESCRITÓRIO DO CRIME, A MILÍCIA MAIS PODEROSA DO RIO DE JANEIRO


1) 2003: Jair Bolsonaro, no Congresso, defende milícias e grupos de extermínio;

2) 2007: Flávio Bolsonaro defende legalização das milícias;

3) 2008: Flávio Bolsonaro na ALERJ durante a votação para instauração da CPI das milícias, após dois repórteres do jornal O DIA serem barbaramente torturados por milicianos na Favela do Batan: “Sempre que ouço relatos de pessoas que residem nessas comunidades, supostamente dominadas por milicianos, não raro é constatada a FELICIDADE dessas pessoas que antes tinham que se submeter à escravidão, a uma imposição hedionda por parte dos traficantes e que agora pelo menos dispõem dessa garantia, desse direito constitucional, que é a SEGURANÇA PÚBLICA. Façam consultas populares na Favela de Rio das Pedras, na própria Favela do Batan, para que haja esse contrapeso também”;

4) 2011: A juíza Patrícia Acioli é assassinada com 21 tiros no Rio por milicianos. Flávio Bolsonaro, após a morte, vai ao twitter e difama a magistrada;

5) 2015: A juíza Daniela Barbosa é agredida por milicianos durante uma inspeção no Batalhão Especial Prisional durante uma inspeção no Rio. Flávio Bolsonaro sai em defesa dos agressores;

6) 2015: Flávio Bolsonaro foi o único dos 70 deputados da ALERJ que votou contra a CPI dos Autos de Resistência, que visa apurar possíveis fraudes nas mortes perpetraras por policiais. A CPI surgiu após um vídeo mostrar PMs mexendo na cena do homicídio de um homem na favela da Providência, na Zona Norte do Rio. As imagens mostram os policiais colocando uma arma na mão de dele após ser assassinado;

7) 2015: José Padilha expõe que deixou o Brasil após ameaças de morte sofridas em razão do filme Tropa de Elite 2, que escancara o problema das milícias e sua relação com o poder público;

8) 2018: Jair Bolsonaro, em campanha à presidência, defende milícias que atuam no Rio e diz que “naquela região onde a milícia é paga, não tem violência”;

9) 2018: Flávio Bolsonaro faz campanha com família ligada ao jogo do bicho, organização que que se fortificou justamente durante a Ditadura (especula-se que bicheiros do segundo escalão se tornaram milicianos);

10) 2018: Marielle é assassinada. Forte suspeita de envolvimento de milicianos e políticos. Silêncio na família Bolsonaro;

11) 2018: Policiais que integram a campanha de Bolsonaro são presos na Operação Quarto Elemento, que investiga a atuação de milicianos que praticavam extorsões. Os dois PMs presos são irmãos de Valdenice de Oliveira, a Val do Açaí, assessora e tesoureira do PSL;


Resultado de imagem para familícia o escritório do crime
Flávio Bolsonaro e Jair Bolsonaro na festa de aniversário dos 2  ex-PM's,
milicianos presos. A intimidade parece grande, mas agora o clã Bolsonaro
tenta negar os laços


12) Dois candidatos do partido de Bolsonaro quebram uma placa de homenagem à Marielle e posam sorrindo, junto ao Witzel. No mesmo evento, os candidatos falam que vão "DECAPITAR AQUELES VAGABUNDOS DO PSOL". Flavio Bolsonaro defende a atitude dizendo que a "placa era ilegal".

13) Ministério Público do Rio de Janeiro afirma ter colhido provas de que uma milícia de São Gonçalo teria atuado em favor de um dos candidatos de Jair Bolsonaro à ALERJ, o coronel Fernando Salema (PSL);

14) Organizadora do "Mulheres Unidas Contra Bolsonaro" é agredida no Rio de Janeiro;

15) Clã Bolsonaro é eleito e jornalista diz que quem postou "Marielle presente" estará fora do governo;

16) COAF revela que Fabrício, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, fez movimentação atípica de R$ 1,233 milhão entre 2016 e janeiro de 2017. O ex PM já cometeu pelo menos 10 homicídios;

17) O COAF descobriu que, além do lote de 1,2 milhão de reais, passaram também pela conta corrente do assessor de Flávio Bolsonaro 5,8 milhões de reais nos dois exercícios imediatamente anteriores.

18) Novo relatório do COAF aponta Flávio Bolsonaro recebeu R$ 96 mil em 50 depósitos fracionados. Ele alega que o dinheiro vivo é fruto da venda de um imóvel;

19) É revelado que Queiroz, antes de ir para o Albert Einstein, se escondeu na favela de Rio das Pedras, dominada pela milícia;

20) Flávio Bolsonaro empregou mãe e mulher de chefe do Escritório do Crime em seu gabinete, suspeitos de assassinarem Marielle.

21) Flávio Bolsonaro foi o único parlamentar que votou contra a concessão da medalha Tiradentes à Marielle.


Resultado de imagem para familícia o escritório do crime

__________________________________________

As fontes e o links para você consultar cada item:

1) https://blogs.oglobo.globo.com/bernardo-mello-franco/post/em-discursos-bolsonaro-ja-exaltou-milicias-e-grupos-de-exterminio.html?fbclid=IwAR1ZynU4oh-0Nz__rZLl9YrNDxt8yLYgNzcOlYS5ZbLQcGI4igoos4mcgWg

2) http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI1477397-EI7896,00-Deputado+quer+legalizar+milicias+no+Rio.html?fbclid=IwAR2rPQjGNDqfDveusZ2A8FudzvCe6UW7MQUJL_OXoiYA6pIK2TColz6OlRM

3) http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/taqalerj2006.nsf/5d50d39bd976391b83256536006a2502/d8acec134b8797f983257b6b0064c41f?OpenDocument&fbclid=IwAR15ZKlj5_x7f4irQldnzebkZ-wQhooVnMh8T5uRP6AAAJ-rMmyPGkdXMdw

4) https://www.terra.com.br/noticias/brasil/policia/filho-de-bolsonaro-diz-que-juiza-morta-humilhava-reus,322ccc00a90ea310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html?fbclid=IwAR31GjqqrRNwJiOKWhUFFV8Hvu7uKq0Oq4owXfFy68U8DZ-sF4Uysq29vA0

5) https://noticias.r7.com/rio-de-janeiro/rj-no-ar/videos/rio-flavio-bolsonaro-defende-detentos-apos-agressao-a-juiza-no-batalhao-especial-prisional-02102015?fbclid=IwAR1caAnhyMUEwou1T-8NjaeMQ6Fx12EI9SDlCm_UMhvQ1u4ykg2qiP6GxYc

6) http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2015/10/alerj-aprova-cpi-para-investigar-fraudes-em-autos-de-resistencia.html?fbclid=IwAR3nCCNfmXUHwoZK13pFZ_QLC0Kj40O3MueAxHE6LRmFpkKhHDjDg2IWoK8

7) https://jovempan.uol.com.br/entretenimento/jose-padilha-diz-revista-que-mudou-para-o-exterior-apos-ser-ameacado-de-morte.html?fbclid=IwAR2WHOGh9OM6kh1-eh9j6vozvAyOpkchgzR_3b1p9WBBpb9h_OobI2oasuU

8) https://blogs.oglobo.globo.com/bernardo-mello-franco/post/em-discursos-bolsonaro-ja-exaltou-milicias-e-grupos-de-exterminio.html?fbclid=IwAR2pxGRQq9PEkgbQ7Pa0AtTxqFAQfKkUqd-IKvpuv04ege1NPQ6yUI9-OCk

9) https://www.opovo.com.br/noticias/politica/ae/2018/10/familia-ligada-ao-jogo-do-bicho-apoia-bolsonaros-no-rio.html?fbclid=IwAR0MW6ThtTxxCyjfltoRXrok4OXahG9pPAtqrLLg4VvSckeuiBb59dwV6dw

10) https://veja.abril.com.br/blog/maquiavel/de-treze-pre-candidatos-so-bolsonaro-ignorou-morte-de-marielle/?fbclid=IwAR1raNf6n-Q1Gd5YpZsaJ5mQSQMcCZfkzM7wlY82W9Vtdotiyd6V2_4ps1w

11) https://br.noticias.yahoo.com/policiais-presos-integravam-campanha-de-filho-de-bolsonaro-no-rio-130136245.html?fbclid=IwAR1ZELJKuyvo5PV_qg-wRL2USLQN8dxj26PtHOA7nCJBxUj2SJsjCm0EvDc

12) https://politica.estadao.com.br/noticias/eleicoes,flavio-bolsonaro-defende-destruicao-de-placa-pro-marielle-por-correligionarios,70002532531?fbclid=IwAR0mn7lMnSoQYILb2CR1WP4bDRURpHDt9woD0gk5yMZkjtS-iNSav7rQxhc

13) https://jornalggn.com.br/noticia/milicianos-sao-flagrados-ajudando-candidato-de-bolsonaro-no-rio?fbclid=IwAR1BXUg4vcMhwOfCmfv5r-YXR1U4Z-yviupEeS7PPPW6g8vBnL7wBdP3EII

14) https://exame.abril.com.br/brasil/administradora-do-grupo-mulheres-contra-bolsonaro-e-agredida-no-rio/?fbclid=IwAR1i3dD2eaRQbsb6zv_307jiVtHkf6j8i9PmQV8A8NMjhwI0MAjWpmCM83s

15) https://www.opopular.com.br/editorias/politica/governo-vai-demitir-quem-postou-ele-n%C3%A3o-fora-temer-ou-marielle-vive-diz-jornalista-1.1696885?fbclid=IwAR1NytIN-5Vl7O55qKz-sNXnBDEAEm5iROzhtq5hzB9PsO9pGR9oY4oA8CU

16) https://www.brasil247.com/pt/247/sudeste/380762/Queiroz-tem-pelo-menos-dez-mortes-no-curr%C3%ADculo-de-PM.htm?fbclid=IwAR3_flmRJBNwUvUkLEvUo885m9NaacBuecFAjpTDP08AGtYedsTVwSSTmm0

17) https://www.revistaforum.com.br/segundo-o-coaf-queiroz-movimentou-r-7-milhoes-em-suas-contas-em-apenas-tres-anos/?fbclid=IwAR2mo7Q4hZYDvNdqW99LxnU6t2w9xP8cKGIm5jc5MiDVdc4DyHzdP4_b8XE

18) https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/01/20/flavio-bolsonaro-diz-que-depositos-fracionados-sao-dinheiro-vivo-recebido-em-venda-de-apartamento.ghtml?fbclid=IwAR0mVKfYrG7REGxlPI_cD8AKjwB3emxJy-qg8G5tZuZH7LDkNJ9-iSdX4EU

19) https://blogs.oglobo.globo.com/lauro-jardim/post/queiroz-se-escondeu-na-favela-de-rio-das-pedras.html?fbclid=IwAR1yNsZ7mEcmLlAhTSZmU7pn_OLB_Kf8ug2PI91cbIHECrAPrw_EiAp26Xs

20) https://oglobo.globo.com/brasil/flavio-bolsonaro-empregou-mae-mulher-de-chefe-do-escritorio-do-crime-em-seu-gabinete-23391490?fbclid=IwAR3S6NIGHTyyLfYnmdDJ9adp75cBrP7RCsHxXsMzSvRyCnhGO3axPX13yRY

21) https://www.revistaforum.com.br/flavio-bolsonaro-foi-o-unico-deputado-que-votou-contra-conceder-medalha-tiradentes-a-marielle-franco/?fbclid=IwAR2HBUsWoC-czy0iWj9aPNdFal_wkNCs6jQMXawIdkWoZ6CFG4Obdq-RMqM


BRASIL: "Escritório do Crime, matriz - Rio das Pedras; filial - Planalto Central"




Peça 1 – o suspeito-chave

No “Xadrez do fim do governo Bolsonaro” montei um mapa mostrando uma série de correlações entre Flávio Bolsonaro, as milícias e a morte de Marielle Franco.

Agora de manhã, foi deflagrada a Operação Intocáveis do Rio das Pedras, que visa uma das maiores milícias do Estado, entocada no Rio das Pedras. Segundo as primeiras informações, se teria chegado ao Escritório do Crime, braço armado da organização especializado em assassinatos sob encomenda.




Foi detido o Major Ronald Paulo Alves Pereira, um dos grandes assassinos mantidos na Policia Militar do Rio. Ele foi o responsável pela Chacina da Vila Show, sequestro e assassinato de quatro jovens que saíam de uma festa.

Ronald passou em um concurso para a PM, foi considerado inapto no exame psicológico, por "demonstrar irritabilidade e onipotência", segundo o laudo, o que indicaria um perfil incompatível com a função. Conseguiu entrar graças a uma liminar obtida em 1995. Um mês após a chacina, recebeu uma moção de louvor do então deputado Flávio Bolsonaro.




Mas o personagem-chave na saga das milícias é o Capitão Adriano Magalhães da Nóbrega, apontado como o chefe do Escritório da Morte, grupo especializado em execuções sob encomenda, e também preso na operação.

É mais grave que isso.

Há pelo menos seis meses a equipe que investiga a morte de Marielle Franco tem convicção de que foi ele o autor dos disparos que mataram a vereadora. Demorou-se mais tempo que o normal nas investigações depois que a equipe se deparou com as ligações do capitão com o gabinete de Flávio Bolsonaro, filho de Jair. As menções a figuras políticas influentes que impediriam as investigações não se referiam a meros vereadores, deputados ou políticos do PMDB. Era a uma força maior. Daí o nome da operação: Os Intocáveis.

Redobraram-se os cuidados para alicerçar a denúncia em provas irrefutáveis. Se, hoje, houve a prisão de Adriano Nóbrega, provavelmente é porque as provas foram consideradas consistentes.

Na operação foi detido também o contador da milícia e apreendido o cofre forte que guardava toda a documentação das operações – incluindo pagamentos de subornos.

E aí se entra no maior imbróglio político das últimas décadas.

Peça 2 – o mapa das correlações

Vamos a uma pequena atualização do mapa anterior, à luz de novos fatos.


No episódio do assassinato de Marielle Franco, aparecem três personagens centrais:

Vereador Marcelo Siciliano, apontado como o homem que encomendou a morte de Marielle.

Zinho, chefe de milícia, detido na Operação Quarto Elemento, e apontado como a pessoa que acertou com o assassino.

Capitão Adriano Magalhães da Nóbrega, principal suspeito de ter sido o assassino.

Até agora, aparecem as seguintes correlações com os Bolsonaro Marcelo Siciliano à Michele Bolsonaro.

O vereador foi autor de lei autorizando a construção de um templo de cinco andares da Igreja Batista Atitude, na Barra da Tijuca, frequentado pelo casal Jair Bolsonaro, depois que Michele rompeu com o pastor Silas Malafaia. O guru do casal é o pastor Josué Valandro Jr. Foi lá que Jair apareceu, logo após as eleições, orou, ficou de joelhos, chorou e atribuiu a vitória a Deus, segundo reportagem da Folha.

Capitão Adriano à Flávio Bolsonaro à Fabrício Queiroz


Há mais coincidências incômodas. Segundo reportagem de O Globo, Raimunda é sócia de um restaurante localizado na rua Aristides Lobo, no Rio Comprido. Ele fica em frente à agência 5664 do Banco Itaú, na qual foram realizados 17 depósitos em dinheiro vivo na conta do motorista Fabrício Queiroz.

Uma nota na coluna de Lauro Jardim, de O Globo, diz que, no período em que se escondeu da imprensa e do Ministério Público Estadual, Queiroz se abrigou no Rio das Pedras, totalmente dominada pela milícia que comanda a região, alvo da Operação Os Intocáveis.

Segundo reportagem de 26/10/2018, de O Globo, os milicianos dominam completamente o Rio Comprido. Cobram pela água, pelo estacionamento, cobram taxas de segurança. Antes, a taxa era cobrada apenas do comércio. Agora, é de toda a população.

Fabrício Queiroz à Michele Bolsonaro

E aqui se chega no Fiat Elba de Bolsonaro – aliás, episódio muito mais grave que o álibi encontrado pelo Congresso para o impeachment de Collor: os R$ 40 mil depositados na conta de Michele Bolsonaro pelo motorista Fabrício Queiroz. O cheque coloca o presidente no meio da fogueira. Não é verossímil sua explicação de que foi pagamento de dívida. Ainda mais depois de reveladas as movimentações na conta de Queiroz.

Flávio Bolsonaro aparece enredado em várias teias. Dois dos PMs detidos, membros da mil[icia, trabalhavam em suas segurança. A irmã deles é tesoureira do PSL. Vários dos milicianos foram alvo de homenagens e moções de aplauso. Mãe e esposa do principal suspeito pela morte de Marielle trabalhavam em seu gabinete. E ainda há o aumento patrimonial e as transferências de dinheiro mal explicadas.

Peça 3 – a frente de brigas dos Bolsonaros

Até agora, os Bolsonaro abriram as seguintes frentes de briga:

Com o Congresso, com a estratégia de negociar com blocos e não com partidos.

Com o sistema CNI (Confederação Nacional da Indústria) e CNC (Confederação Nacional do Comércio) com a ameaça de cortar os recursos do sistema S.

Com a mídia off-line, com a mudança de diretrizes da Secretaria de Comunicação. Mais especificamente, com as Organizações Globo e a Folha.

Com os movimentos sociais.

Com sua própria base política, devido ao estilo extremamente truculento dos filhos.

Daqui para a frente, com o agronegócio, depois de anunciado o descredenciamento de frigoríficos brasileiros que exportavam para a Arábia Saudita, em represália à proposta fundamentalista de Bolsonaro, de mudar a capital de Israel para Jerusalem.

E, agora, com o próprio mercado, depois do vexame histórico de Davos, não apenas pelo total despreparo de Bolsonaro, mas pela incapacidade da equipe de chegar a um consenso mínimo sobre o discurso a ser feito. Dos 30 minutos a que tinha direito, utilizou apenas 6 minutos, tempo suficiente para expor seu notável despreparo. Pior: a notícia de que manteria encontros apenas com líderes nacionalistas antiglobalização, comandados por Steve Bannon, o homem da eleição de Donald Trump.

Enquanto isto, o vice-presidente, general Hamilton Mourão, tem sido cada vez mais procurado pelo meio empresarial, por aparentemente ser o único foco de racionalidade no governo, capaz de ouvir e entender.

Peça 4 – a campanha do impeachment

O que vai restar dessa lambança toda?

Há uma certeza e uma incógnita. A certeza é que Bolsonaro será impichado. A incógnita é quanto ao tempo que irá demorar o processo.

Seu único trunfo, junto ao bloco do impeachment, seria a eventualidade de sua queda provocar a volta do PT. Não ocorrerá. Sua queda promoveria a ascensão natural do general Mourão, preservando a unidade em torno de um comando mais racional.

Positivamente, não tem WhatsApp ou Twitter que o salve da fogueira.

Será curioso analisar o comportamento do Ministro Sérgio Moro, da Justiça. Na foto divulgada, do voo para Davos, vê-se Bolsonaro ao telefone. Com todo o Estado Maior no avião, a hipótese aventada é que estaria tratando da estratégia de defesa com o filho Flávio. No mesmo ambiente, uma das testemunhas da conversa é seu Ministro da Justiça, ex-juiz Sérgio Moro.


Enquanto isto, a cobertura das Organizações Globo tem sido de uma objetividade mortal. Há seis meses seus repórteres já sabiam das suspeitas com o capitão Adriano. Mas mantiveram um pacto de silêncio com o Ministério Público Estadual (MPE), para não atrapalhar as investigações.

A nota sobre o refúgio de Queiroz no Rio Comprido saiu um dia antes da Operação Os Intocáveis. Nos próximos dias – talvez até no Jornal Nacional de hoje – serão revelados os detalhes sobre o capitão Adriano.

Os Bolsonaro estão apanhando até no seu campo de batalha: as redes sociais.

É até possível que a Operação Marielle tenha acontecido sem conhecimento prévio de Flávio Bolsonaro e ele não passasse de um joguete nas mãos do motorista. É significativo o fato de ter publicado um Twitter se solidarizando com Mairelle e, em seguida, tê-lo apagado. Fará doferença em uma investigação criminal, não em um julgamento político.

Se valer um palpite, acho que haverá um desfecho relativamente rápido dessa crise.