Na manhã desta segunda-feira, a Rede Sustentabilidade deu entrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o pedido oficial de registro do partido. A solicitação foi feita com cópias das certidões validam 304 mil fichas de apoio e com os protocolos de outras 220 mil assinaturas que ainda não foram certificadas devido à lentidão dos cartórios eleitorais. Os documentos foram levados dentro de sacolas ao TSE.
A ex-senadora Marina Silva participou da entrega do pedido acompanhada dos advogados, assessores e simpatizantes da #rede, além dos deputados federais Domingos Dutra (PT-MA) e Walter Feldman (PSDB-SP) e do senador Pedro Simon (PMDB-RS). Também estavam presentes membros da executiva provisória: Bazileu Alves Margarido, Pedro Ivo e Marcela Moraes, que coordenou o processo de coleta.
Em coletiva de imprensa realizada após o protocolamento, Marina Silva disse aos jornalistas presentes que confia nos órgãos responsáveis por homologar a criação do partido. “Esperamos que a gente possa ter o registro da Rede Sustentabilidade, que é uma expectativa de milhares e milhares de pessoas em todo o país”.
Ela falou também sobre o processo de coleta, triagem e encaminhamento das fichas aos cartórios eleitorais. “Fizemos um trabalho idôneo com a mobilização voluntária de milhares de pessoas em todo o país, um trabalho árduo de avaliação dessas fichas. A própria Rede Sustentabilidade deixou de encaminhar mais de 200 mil assinaturas exatamente para evitar que houvesse um trabalho desnecessário por parte dos cartórios com fichas que faltavam documentação ou que não havia a possibilidade de fazer a identificação por que a pessoa havia assinado o nome de casada, enquanto que no título constava o nome de solteira, por exemplo”.
Além dos atrasos, problemas nos procedimentos para conferência das assinaturas de apoio vêm dificultando o processo de registro da Rede Sustentabilidade. Levantamento feito pela #rede a partir do retorno recebido dos cartórios aponta que os motivos para invalidação foram variados e vão desde a falta de parâmetros para a comparação dos dados, quando o cartório não encontra a assinatura do eleitor por não ter votado nas últimas eleições, até casos de assinaturas que não conferem. Das 96 mil fichas invalidadas, a maior parte delas – 73.130 mil - não tiveram o motivo da recusa especificado. Na maioria dos casos, os cartórios emitem certidões que atestam apenas o número de assinaturas homologadas e não o número de assinaturas recebidas, não homologadas e os motivos pelos quais isso ocorreu.
A #rede aproveita a ocasião do registro para solicitar ao TSE medidas cautelares urgentes que garantam o cumprimento do prazo, previsto em lei, de 15 dias para validação das fichas de apoio pelos cartórios e do mesmo período para homologação dos diretórios estaduais nos TREs (Tribunal Regional Eleitoral). Até o momento, foram encaminhadas aos cartórios eleitorais 637 mil fichas de apoio à criação do partido. Dessas, mais de 220 mil ainda estão nos cartórios, contabilizando um atraso superior a 15 dias. Outras 30 mil assinaturas foram protocoladas há mais de 60 dias e ainda não foram validadas. Em relação aos diretórios estaduais, a #rede já tem o mínimo de assinaturas exigido por lei em 24 unidades da federação. Dessas, 15 estados já tiveram os pedidos oficiais de homologação encaminhados aos TREs. Na maioria dos casos, as solicitações foram feitas há mais de 15 dias, porém, com exceção do Rio Grande do Sul, os diretórios ainda não foram homologados.
Devido a essa falha no processo, foi possível identificar, por exemplo, dezenas de casos de apoiadores da #rede que, embora tivessem assinado a ficha e prestado todas as informações necessárias, não tiveram suas assinaturas validadas pelos cartórios. Entre esses casos, encontram-se situações emblemáticas, em que mesmo pessoas em total sintonia com o processo de criação do partido tiveram suas fichas rejeitadas pelos cartórios do país. Em São Paulo, membros da Comissão Estadual tiveram suas assinaturas invalidadas, como Carlos Buzzolin e Julia D’ávila. No Distrito Federal, a assinatura de Henrique Ziller, fundador da #rede, não foi validada. Em outro caso, o senador Pedro Taques também teve sua assinatura invalidada no Mato Grosso.
É importante observar que a #rede montou uma estrutura bastante rígida para assegurar a qualidade das fichas de apoio que foram enviadas aos cartórios. Das 850 mil fichas recebidas, mais de 200 mil foram descartadas por apresentarem algum tipo de problema, como falta da assinatura, letra ilegível ou dados incompletos.
Antecipação do registro
A Rede Sustentabilidade decidiu dar entrada no pedido de registro sem a totalidade das certidões exigidas por lei devido aos atrasos dos órgãos responsáveis pela certificação das assinaturas e dos diretórios regionais. O pedido de registro no TSE foi feito com as cópias de certidões encaminhadas aos TREs e com protocolos de entrega de assinaturas nos cartórios. A decisão de adiantar a entrada no TSE foi tomada pela Comissão Nacional Provisória após o encontro de representantes da Rede Sustentabilidade, entre eles a ex-senadora Marina Silva, com a juíza corregedora Laurita Vaz no dia 16 de agosto. Segundo a ministra, o órgão precisa de, no mínimo, 30 dias para homologar a criação do partido.
No momento da solicitação de registro do partido no TSE, foi entregue também uma petição em nome da #rede solicitando ações que permitam solucionar as falhas nos processos de criação do partido. O documento pede que se publique, mediante edital, a lista dos eleitores cujas assinaturas ainda não foram validadas, para que os interessados possam se manifestar em até cinco dias. No caso dos processos de homologação dos diretórios estaduais, a #rede pede também que se dê o prazo de 48 horas para que os processos entrem na pauta de julgamento dos TREs.
A existência da Rede Sustentabilidade, garantida constitucionalmente, não pode ser tolhida pela ausência de meios materiais ou pela falta de critérios normativos claros. A #rede confia que, no julgamento da Justiça Eleitoral, prevalecerá o apoio das 850 mil assinaturas recolhidas em uma ação inédita, que aconteceu de forma autoral e descentralizada em todo o país.
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