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sábado, 8 de junho de 2024

Canaã assume pela primeira vez liderança nacional da produção mineral


Canaã assume pela primeira vez liderança nacional da produção mineral

Pedra havia sido cantada uma década atrás por estudantes de graduação e mestrado de universidade federal em Marabá, mas em Parauapebas gestores locais sempre preferiram relativizar assunto e fugir do debate que expõe perda de importância (e recursos) do município

É oficial: com R$ 14,507 bilhões em operações minerais, Parauapebas deixou de ser o município que mais produz no Brasil e passou o bastão a seu vizinho e filho Canaã dos Carajás, que movimentou R$ 15,017 bilhões em extração de minérios. A informação foi levantada com exclusividade pelo Blog Sol do Carajás, que também apurou que, pela primeira vez, a Terra Prometida consolida um acumulado de exportações superior ao da (agora ex) Capital do Minério.

Dos 36 anos de emancipação de Parauapebas, o município vinha sendo líder nacional de produção mineral por 20 consecutivos. A chegada ao apogeu aconteceu em 2004, quando destituiu Itabira (MG) do posto de campeão brasileiro da indústria extrativa mineral. Naquele ano, o combate ficou em R$ 1,498 bilhão para Parauapebas contra R$ 1,477 bilhão para Itabira.

Daí para frente, Parauapebas viveu períodos áureos e mágicos de faturamento para si e para outrem ancorado na robusta produção de minério de ferro de alto teor. Mas o “amor” da mineradora multinacional Vale, titular da produção, pelo município seria abalado a partir de 2016, com a entrada na relação da mina de S11D, o que tornaria Canaã dos Carajás, filho rejeitado de Parauapebas, amante em primeiro momento e, agora, com a mina já madura, titular desse atual relacionamento aberto, fazendo com que Canaã desfile de mãos dadas com o progresso econômico nas passarelas dos rankings nacionais.

Estudos anteciparam o ‘fim’

Essa história de amor mal (e ainda não) acabado já havia sido tema de pesquisa científica por alunos da turma de 2008 do curso de Engenharia de Minas e Meio Ambiente da então Universidade Federal do Pará (UFPA), em Marabá, que mais tarde viria a se tornar Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa).

Em sua dissertação de mestrado intitulada “Análise do município de Parauapebas a partir da migração de trabalhadores maranhenses da mineração”, o jornalista André Santos apontou, ainda em 2013, Canaã dos Carajás como a nova meca de deslocamento da cadeia produtiva mineral em função da implantação, naquele momento, do projeto S11D, o que levaria Canaã dos Carajás a superar Parauapebas na década de 20 deste século.

O jornalista co-orientou em 2013, juntamente com o professor Denilson Silva, o trabalho de conclusão de curso de Rafael Cuentro, denominado “Canaã dos Carajás (PA): A Terra Prometida dos Royalties e dos Grandes Projetos de Mineração”. Naquela altura dos acontecimentos, quando Rafael estava encerrando o curso de graduação em Engenharia de Minas, o trabalho cravou que até 2030 Canaã ultrapassaria Parauapebas em importância e foi além: antecipou que, a partir de 2023, a receita da Capital do Minério entraria em declínio, em razão da gradativa baixa de produção física do minério de ferro na Serra Norte de Carajás, que daria espaço para o aumento das operações na Serra Sul.

A mídia regional logo espalhou a “fofoca” (relembre aqui https://pebinhadeacucar.com.br/s11d-fara-de-canaa-o-maior-arrecadador-de-icms-do-para-e-de-royalties-do-pais/ e aqui https://buritiempreendimentos.com.br/s11d-fara-de-canaa-o-maior-arrecadador-de-icms-do-para-e-de-royalties-do-pais/), mas os governantes dos dois municípios desconversavam sobre o assunto, céticos e acéfalos quanto às transformações vindouras.

Parauapebas sai do ‘Top 5’

Uma década se passou, e o resultado das pesquisas produzidas em 2013 está aí. De janeiro a maio de 2024, segundo dados atualizados na última sexta-feira (7) pela Agência Nacional de Mineração (ANM), Canaã dos Carajás produziu R$ 500 milhões a mais que Parauapebas em recursos minerais, e isso se mostra uma corrida de difícil reversão.

A multinacional Vale retirou de Parauapebas nos primeiros cinco meses deste ano R$ 14,438 bilhões em recursos minerais, exclusivamente minério de ferro, mas de Canaã dos Carajás ela levou embora R$ 15,01 bilhões, sendo R$ 13,944 bilhões em ferro e R$ 1,066 bilhão em cobre. Mesmo que a Capital do Minério ainda leve pequena vantagem na produção de ferro no placar da ANM, nas estatísticas de Comércio Exterior a Terra Prometida já está à frente. É que este ano já foram exportados de Canaã 28,46 milhões de toneladas de minério de ferro, enquanto de Parauapebas saíram 26,34 milhões de toneladas. A repercussão desses dados só vai aparecer no cômputo da ANM nos próximos meses. Em todo caso, as exportações oriundas da Terra Prometida, em moeda estrangeira, já somam 2,495 bilhões de dólares e, com isso, ultrapassaram as da Capital do Minério, que totalizam 2,328 bilhões de dólares.

Para cada degrau descido por Parauapebas na escada do progresso, Canaã faz o sentido contrário, subindo um degrau. Basta ver que, hoje, Canaã dos Carajás é o 5º maior exportador do Brasil, enquanto Parauapebas caiu para 6º (e no mês de maio isolado caiu para 7º). As posições “válidas” até 2023 praticamente se inverteram. Canaã deve chegar e se fixar no “Top 3” das exportações nos próximos três anos, enquanto Parauapebas poderá ir rolando até sair do “Top 10” em médio prazo.

Nos rankings da ilusão, é notório que a vez de Parauapebas está passando, como tudo passa. A questão é que o município não se preparou adequada, psicológica, política, administrativa e, sobretudo, financeiramente para suportar os baques em suas vaidades. Mas tudo a seu tempo.

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