A luta política não se faz pedindo licença - por Gustavo Conde
Insisto: a gente superestima demais a nossa elite golpista. Eles estão assustados. Não entendem como Lula pode ser assim tão forte. Não aceitam, não toleram, não codificam. Eles miam de horror com o próprio beco sem saída que construíram para si, nos raros espasmos de lucidez que lhes acometem o sono (ou: Lula está nos pesadelos dessa gente, com um assustador tesão de 20).
Nós temos que ir para cima. Em todos os sentidos: retóricos, políticos, físicos e teatrais. Um adversário com medo é uma grande delícia. Eles tremem, cometem um erro depois do outro, hesitam, fogem.
Eu fico um pouco indignado quando leio 'comentários paralisantes' do tipo: "a esquerda está cometendo erros", "a esquerda tem que se unir", " a esquerda tem que fazer uma autocrítica". Francamente. Parece frustração conjugal com cifras de ressentimento.
A hora é de luta. Fazer reflexão política a essa altura do campeonato? Faça o favor. A reflexão é bem-vinda se tiver um mínimo de coragem e dicção atrevida. Se parar para pensar, até na luta discursiva, o inimigo lhe crava a adaga.
Tem também que identificar o inimigo com maior precisão. Quem é o inimigo agora? A esquerda que tem que fazer autocrítica? A política liberal de Dilma Rousseff? Por favor. Isso é suicídio.
O inimigo - que não é mais um 'adversário', mas um 'inimigo' na acepção máxima da palavra - precisa ser identificado e as nossas energias precisam estar todas concentradas em seu sufocamento, sem trégua, sem piedade.
Luta política de verdade é isso, não é esse biscoitinho civilizatório que o poder instituído sempre quer impor para livrar a própria cara. O inimigo é o PSDB. O inimigo é Temer. O inimigo é esse poder judiciário nojento e partidarizado que vem provocando mortes no país com sua omissão escandalosa.
A tinta vermelha jogada hoje no STF é essa luta digna, que não se intimida com regras de etiqueta social propaladas pelos guardiões da violência controlada e institucional. É o sangue transfigurado que esfrega na cara e no chão do STF o quão covardes eles têm sido.
Esse inimigos mesquinhos e medíocres estão morrendo de medo. O medo fica evidente quando eles falam, quando eles dão entrevistas, negando, negaciando, mastigando as palavras e os sentidos. Basta dessa mediocridade.
O combate frontal com os agentes do golpe precisa ser organizado em nossos espíritos. A verdade lateja em nossos sentidos. Os exemplos de coragem pulsam no martírio do crime praticado contra o país.
"Uma Dilma soberana, enfrentando seus algozes, saindo de pé e favorita a voltar consagrada ao congresso, como uma guerreira mítica"? Quem tem uma narrativa assim para chamar de sua?
Nós. Nós temos. Nós temos essa narrativa e muitas outras mais. Nós não podemos nos subestimar a nós mesmos. Nós não podemos superestimar esse 'outro' covarde e golpista que não dá um passo sem portar o medo aterrorizante do desmascaramento e da vergonha.
A luta política não se faz pedindo licença.
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