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sábado, 15 de agosto de 2015

PM cuja esposa é dona de empresa de segurança ameaça operários, Coronel Queiroz diz que espera ser "comunicado oficialmente", as imagens não bastam

Governo VALMIR DA INTEGRAL - atuação "casual" de PM pode comprometer ainda mais o "minha casa minha vida" em Parauapebas - quase vira tragédia


Vídeo registra ameaças de soldado da PM a operários em Parauapebas

Trabalhadores faziam manifestação cobrando salários atrasados.
Soldado afirmou que tentava evitar depredação da empresa.

Operários que realizavam um protesto no município de Parauapebas, no sudeste do Pará, denunciaram ameaças feitas por um soldado da Polícia Militar durante a manifestação da categoria na quarta-feira (12). Em um vídeo registrado por um dos operários, o soldado da PM aparece sem uniforme e usa uma arma de grosso calibre para conter os manifestantes.
"A gente falou para ele que não pode fazer isso, como polícia, como um cara da lei, ele precisa saber o que está acontecendo, porque a gente está apenas reivindicando nosso direito. Não tem ladrão, não tem bandido lá, só tem trabalhador", diz o operário Joabe Araújo
Por telefone, o soldado da PM afirmou à TV Liberal que tentou apenas evitar a depredação da empresa e que a arma mostrada nas imagens é particular e legalizada. Ele não estava de serviço no momento da gravação do vídeo.
A manifestação ocorreu no canteiro de obras de um residencial do programa Minha Casa Minha Vida que está sendo construído no município. Cerca de 600 pessoas trabalham na obra, que já foi paralisada quatro vezes em 2015 devido a atrasos no pagamento dos trabalhadores. Na última semana, os operários ameaçaram suspender novamente as atividades porque deveriam ter recebido salários no último dia 30 de julho.
Segundo a empresa responsável pela obra, o PM não é contratado para atuar na segurança do local, mas a esposa dele é proprietária de uma empresa de segurança patrimonial que faz a guarda do canteiro de obras. O soldado estava no local resolvendo assuntos particulares e foi chamado para conter a manifestação.
"Eles (os operários) invadiram a obra e começaram a ameaçar diversas pessoas, inclusive trancaram funcionários da alimentação na cozinha, não deixaram ninguém sair", afirma Mateus Simonatto, engenheiro da obra.

"Então, temendo a integridade nossa, do pessoal da obra e inclusive a dele (soldado da PM), que estava sozinho contra 45 ou 50 pessoas, no momento foi necessário pegar a arma, mas em um ato de tentar conter as pessoas, para que elas parassem e não chegassem às vias de fato com alguém, não tivesse nenhuma agressão física ou alguma coisa mais séria", diz o engenheiro. 
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil no município, o protesto foi pacífico. "Eles (empresa) deveriam zelar e não estar intimidando e nem apresentando armas ou qualquer outro tipo de intimidação contra o trabalhador. Isso não pode acontecer, o trabalhador tem o seu direito de paralisar, tudo dentro da ordem e da decência", afirma Fagner Marques, presidente do Sindicato.
A conduta do soldado foi desaprovada pelo Comandante da PM na região, Tenente Coronel Sandro Queiroz. "Essa conduta dele, se ele estiver praticando segurança privada, pela nossa legislação é considerada irregular. Diante de tal situação, chegando oficialmente ao nosso conhecimento, vamos adotar providências para a instalação de um processo administrativo para apurar a conduta dele, de que forma se deu", explica o comandante.

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