247 – Um desforra está em curso na mídia eletrônica. Ela coloca frente a frente o marqueteiro João Santana, do PT, e o jornalista Ali Kamel, diretor de jornalismo da Rede Globo. O primeiro vai tentar recuperar o terreno perdido para o segundo ao longo do ano. Desde 1º de janeiro até 9 de agosto, conforme apurou o
manchetômetro da UERJ, o JN exibiu nada menos que 83 minutos do seu noticiário a fatos considerados negativos para o governo. O volume de notícias apontadas como positivos para a administração federal foi de 3 minutos. O critério de positivo e negativo foi estabelecido pelos próprios pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
A partir de 19 de agosto, quando começa o horário eleitoral gratuito no rádio e televisão, a campanha eleitoral que Santana estará dirigindo terá uma chance parecida com a desfrutada por Kamel até aqui. Para fazer exatamente o contrário da pauta do JN, quer dizer, privilegiar os fatos positivos para elevar a imagem da presidente Dilma Rousseff – e deixar de lado o que é contra ela -, Santana terá 11min48s exclusivamente para si nos horários dos candidatos a presidente, às terças, quintas e sábados.
Em blocos de 50 minutos cada um, o horário político irá das 13h00 às 13h50 e das 20h30 às 21h20. Na parte da noite, começará logo em seguida ao Jornal Nacional. Nos últimos tempos, o noticioso que Kamel tem como o maior canhão editorial da emissora dos três irmãos Marinho chegou a veicular matéria de quase 9 minutos sobre os chamados mensaleiros do PT, por exemplo. Em outras oportunidades, o placar de 82 minutos de notícias negativas para o governo contra 3 minutos de fatos positivo já fala por si só.
No horário eleitoral gratuito, será simetricamente diferente. O PT terá três vezes o tempo destinado a Aécio Neves, do PSDB, com 4min31s. E onze vezes além do espaço a ser ocupado por Eduardo Campos, do PSB. Misturando o factual com o propagandístico, o hábil João Santana é a grande esperança do PT de levar Dilma a alcançar os pontos que lhe faltam para uma vitória em primeiro turno. As pesquisas apontam essa possibilidade, mas a diferença vem se estreitando. Para tanto, é lícito avaliar que noticiários como o do Jornal '82 a 3' Nacional contribuíram para barrar o crescimento de Dilma nas pesquisas. A partir do dia 19 – e até 2 de outubro, quando o horário político será encerrado --, Ali Kamel poderá assistir ao trabalho de João Santana assim que o JN sair do ar, sempre nas noites de terças, quintas e sábados.
O público vai julgar, com um novo equilíbrio de tempo, quem faz melhor.
Então que o povo tenha sabedoria para decidir... Os politizados é claro!
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