Por Mauro Lopes - LEIA a publicação original - CLIQUE AQUI
12 de março
1. Assassinado com quatro tiros Paulo Sérgio Almeida Nascimento, de 47 anos, foi morto com quatro tiros. Um dos diretores da Associação dos Caboclos, indígenas e Quilombolas da Amazônia (Cainquiama) que desde 2017 lutava em Barcarena (PA) contra o desastre ambiental causado pela empresa norueguesa Hydro. Seguidamente ameaçado de morte, teve pedidos de proteção negado pelo governo de Simão Jatene (PSDB).
2. Cinco indígenas Guarani foram presos ao regressar de uma incursão numa ilha formada pelo lago da Hidrelétrica de Itaipu, onde haviam ido cortar taquara, ou seja, o “bambu nativo”, para a confecção de artesanatos e construção de moradias. A ação ocorreu sobre um patrimônio privado, já que a área visitada pelos Guarani pertence oficialmente à Itaipu Binacional, mas foi retomada pela comunidade Guarani em janeiro de 2017, depois de 35 anos de expulsão. Na região de usina existiam ao menos 32 aldeias que desapareceram entre 1940 e 1982, período entre a criação do Parque Nacional do Iguaçu e o alagamento para formação do lago de Itaipu. Pelo menos nove dessas aldeias foram alagadas.
3. O Padre Júlio Lancellotti, vigário da Pastoral do Povo da Rua, divulgou pela primeira vez que vinha recebendo seguidas ameaças de morte pelas redes sociais. No dia 19, várias entidades exigiram providências do Ministério Público, mas nenhum responsável pelas ameaças foi preso.
14 de março
4. A PM e a Guarda Civil Metropolitana de São Paulo agrediram brutalmente professoras, servidoras e servidores públicos que protestavam na Câmara de Vereadores contra projeto de lei de reforma da previdência municipal, apresentado pelo governo Doria. O projeto visava congelar salários e aumenta a contribuição previdenciária de 11% para 19%. Depois de greve e intensa mobilização de milhares de servidoras e servidores, o projeto foi derrotado, em 27 de março.
Os tiros que mataram Marielle |
5. A vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes foram executadosno Rio de Janeiro, num crime que causou indignação mundial grandes manifestações de protesto em todo o país. Apesar de todos os indícios apontarem para as milícias que, compostas por policiais e ex-policiais, controlam várias regiões do Rio, as investigação não havia resultado em nada.
17 de março
6. Fazendeiros de Marabá (PA) atacaram o acampamento Helenira Resende do MST pulverizando agrotóxicosde aviões sobre os sem terra, causando danos a saúde de pelo menos 10 pessoas. Ninguém foi preso.
18 de março
7. Três mulheres líderes da Associação dos Caboclos, indígenas e Quilombolas da Amazônia (Cainquiama), a mesma de Paulo Nascimento, assassinado dia 14, passaram a sofrer ameaças de morte e agressões. A presidente, Maria do Socorro Costa Silva, Maria Salestiana Cardoso e Ludmilla Machado de Oliveira têm sofrido todo tipo de ameaças e intimidações. A casa de Ludmila foi alvo de pedradas na madrugada do dia 18 -não há qualquer ação do governo do Pará para encontrar os criminosos.
Ludmilla: ameaças de morte |
19 de março
8. Teve início a Caravana Lula pelo Brasil no sul do país em Bagé (RS). Começam os ataques fascistas, com a ação conjunta de ruralistas e milícias de adeptos de Bolsonaro. O caminho da caravana até o campus da Unipampa foi bloqueado por tratores, caminhões e máquinas agrícolas. Os ônibus tiveram de passar por um desvio. A Brigada Militar permitiu que grupos agressores se aproximassem a menos de cem metros dos ônibus. Atiraram paus, pedras e rojões contra os ônibus e contra as pessoas que aguardavam a chegada da caravana. A janela lateral do ônibus do presidente Lula foi estilhaçada por uma pedra. Milicianos a cavalo usaram chicotes para agredir as pessoas. Portavam armas de fogo, facas e correntes de ferro., com bloqueio de ruas e estradas.
Chicotes usados contra os escravos de volta |
20 de março
9. Caravana Lula pelo Brasil– em Santa Maria (RS), o campus da Universidade Federal de Santa Maria foi invadido por uma milícia de cerca de 200 fascistas e ruralistas. Agrediram os estudantes e professores que aguardavam a caravana com pedras, varas de bambu e, novamente, com o recurso do chicote, símbolo do período da escravidão e usado na Itália em ataques de grupos fascistas antes da ascensão de Mussolini. A Brigada Militar, que entrou no campus para isolar os dois grupos, voltou sua cavalaria contra os estudantes e professores. A Brigada não impediu que os ônibus fossem atacados na saída do campus.
21 de março
10. Caravana Lula pelo Brasil – em São Borja (RS), foi bloqueado o acesso principal à cidade desde o início da manhã por tratores, caminhões e máquinas agrícolas, apesar da presença da Brigada Militar e da Polícia Rodoviária Federal. Os chefes das milícias anunciavam que Lula não entraria na cidade de Getúlio Vargas e João Goulart. Seus capangas aguardavam a chegada da caravana com barras de ferro, correntes, rojões e pedras. Havia armas de fogo. A caravana surpreendeu os agressores contornando o trevo por estradas de acesso a assentamentos do MST e entrando na cidade por outra via de acesso. Ao se dar conta da manobra, algumas dezenas de agressores dirigiram-se a esta via alternativa e alvejaram os ônibus com pedras e ovos. Na praça XV de Novembro, onde ocorreu o ato em homenagem a Getúlio Vargas, milícias armadas de barras de ferro e correntes agrediram o público e entraram em confronto com militantes da CUT e do MST. Dois militantes da CUT ficaram feridos.
22 de março
11. Caravana Lula pelo Brasil – ao passar pela entrada de Entre-Ijuís (RS), os ônibus da caravana foram alvejados com pedras e ovos, lançadas por agressores postados nas duas margens da rodovia, apesar da presença de policiamento no local.
12. Caravana Lula pelo Brasil – em Cruz Alta, grupos fascistas atacaram as pessoas presentes ao ato público da caravana. Cinco mulheres e uma criança foram covardemente agredidas. Relato de uma das agredidas, Suzana Machado Ritter: “Me atacaram quando eu estava indo para a manifestação. Eu ia sozinha, estava do outro lado da rua. Eles roubaram minha bandeira, me derrubaram. Sofri escoriações.” Ieda Alves e a Daniele Mendes, que já haviam sido atacadas (queimaram suas bandeiras) foram ao socorro de Suzana e voltaram a ser agredidas. Ieda foi derrubada no chão e perdeu seus óculos. Deisi Miron, que estava com o filho de 10 anos, foi atingida nas costas por uma pedra e um ovo. Cercada por agressores, tentou proteger-se e ao filho com uma arma de choque. Levou um soco no olho, foi derrubada e chutada. Foi hospitalizada com hemorragia no rim, lesões nas costas e na cabeça. Por causa da hemorragia, Deisi, que estava fazendo radioterapia para tratar um tumor, teve que ser internada.
23 de março
13. Caravana Lula pelo Brasil – em Passo Fundo (RS), a estrada de acesso à cidade foi bloqueada e ônibus de passageiros foram apedrejados pelos fascistas. As milícias bloquearam o trevo de acesso à cidade com tratores, caminhões e máquinas agrícolas. Estavam dispostos dos dois lados da rodovia, com armas de fogo, correntes e barras de ferro. Mesmo diante do policiamento, paravam automóveis na estrada e agrediam pessoas que identificavam como petistas.Na praça onde ocorreria o ato público com Lula, o público foi atacado com pedras e ovos. O comando do policiamento recusou-se a garantir a passagem da caravana, o que levou ao cancelamento dos atos previstos na cidade.
24 de março
14. Caravana Lula pelo Brasil – em Chapecó (SC), milícias se concentraram desde cedo na entrada da praça onde seria realizado o ato público à noite. Lançaram pedras, rojões e garrafas plásticas cheias de areia contra o público, inclusive crianças. Com a conivência da polícia, tomaram a calçada na porta do hotel onde Lula estava hospedado e tentaram invadir o local. Um grande grupo armado com pedras e barras de ferro tomou a porta da garagem do hotel e tentou impedir a passagem do carro que levava o presidente para o ato. O dirigente nacional do PT Paulo Frateschi, de 68 anos, foi agredido com uma pedrada que dilacerou sua orelha esquerda. O professor de educação física Abel Karasek foi atingido por uma pedrada na testa. Ambos foram hospitalizados. Karasek levou cinco pontos no ferimento.
15. Em retaliação à morte de um PM depois de trocas de tiros com traficantes, uma tropa de policiais invadiu a favela da Rocinha no Rio e fuzilou 8 jovens à saída de um baile funk.
16. Em apenas 24 horas, as polícias de Goiás mataram 10 pessoas em quatro ações, sob a alegação de “troca de tiros”. O secretário de Segurança do Estado, recém-empossado, é Irapuan Costa Júnior, de 81 anos, um linha-dura que governou Goiás de maneira truculenta entre 1975 a 1979, período da ditadura militar.
25 de março
17. Caravana Lula pelo Brasil – em São Miguel do Oeste (SC), um grupo fascista lançou pedras e ovos sobre os veículos da caravana. A janela do motorista do ônibus que levava Lula foi estilhaçada por uma pedra. Os limpadores de para-brisas foram arrancados. Duas pedras atingiram as janelas dianteiras do ônibus de convidados. Os agressores jogaram ovos nas janelas dianteiras, de forma a impedir a visão dos motoristas, criando um grave risco de acidentes. A Policia Militar, que estava no local, apenas observou a ação dos agressores, sem agir. No ato público no centro da cidade, ovos foram atirados no palanque por pessoas abrigadas em um pequeno prédio às escuras. Alguns ovos atingiram o público, onde havia muitas crianças. A polícia não agiu.
18. Cinco jovens foram executados por uma milícia com tiros na cabeça em Maricá (RJ). Todos tinham intensa atividade social e cultural no Condomínio Carlos Marighella. Dois deles eram vinculados ao PC do B.
Os jovens executados em Maricá |
26 de março
19. Caravana Lula pelo Brasil – padre Idalino Alflen, de 64 anos, foi agredido por milícias fascistas em Foz do Iguaçu -levou uma pedrada na cabeça e foi atropelado por uma motocicleta quando chegava ao Sindicato dos Eletricitários (Sinefi), minutos antes de pronunciamento de Lula na cidade.
Padre Idalino: alvo dos fascistas |
20. Caravana Lula pelo Brasil – seguranças da caravana do presidente Lula encarregados da proteção aos trabalhadores que iriam montar a estrutura do evento em Francisco Beltrão (PA) receberam tiros de balas de borracha (a queima roupa) da PM. Os trabalhadores foram mantidos em cárcere privado, no hotel em que estavam, sem ordem judicial.
Francisco: escondido dos pistoleiros |
21. Lideranças do Projeto de Assentamento Extrativista (PAE) Montanha e Mangabal (PA) foram obrigados a fugir de suas casas para não serem mortos por pistoleiros contratados por chefes dos garimpos, madeireiros e palmiteiros da região. Ele lutam em aliança com o Povo Munduruku contra a garimpagem ilegal e extração ilegal de madeira e palmito em seus territórios. Francisco Firmino Silva e Ageu Lobo Pereira, os ameaçados, estão refugiados na reserva Mundukuru. Nada foi feito pelo governo do Pará para identificar e prender os pistoleiros.
22. Em encontro com empresários na Federação do Comércio em São Paulo, Michel Temer defendeu enfaticamente o golpe militar de 1964 e afirmou que o povo se “regozijou” com o a “centralização absoluta do poder”.
27 de março
23. Caravana Lula pelo Brasil – no trajeto entre Quedas do Iguaçu e Laranjeiras do Sul (PR), dois ônibus da caravana, um que transportava Lula e outro com convidados foram alvejados com quatro tiros disparados por fascistas.
24. Preso em Anapu (PA) o padre José Amaro Lopes da Silva, da Comissão . Pastoral da Terra e sucessor da freira Dorothy Stang, assassinada por pistoleiros em 2005 no mesmo município. Desde 2015, o padre sofria uma campanha de difamação comandada pelos latifundiários da região, que são seus acusadores no processo em curso.
Campanha contra prisão |
25. O governador Geraldo Alckmin e o prefeito João Doria, ambos do PSDB, justificaram e apoiaram os ataques à caravana de Lula afirmando que “eles [o PT] estão colhendo o que plantaram”.
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