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terça-feira, 9 de maio de 2017

Lula: julgado por militares, agora por sorrateiros togados do judiciário federal

Sorrateiros de togas perseguem LULA, jogando o poder judiciário em completa desmoralização


Jacó Bittar e Lula em audiência em Manaus, em 1984, devido aos
incidentes no Acre, quatro anos antes - Foto: Arquivo

Na ditadura, Lula foi julgado por discurso político a seringueiros

Jornal GGN - Em plena ditadura militar brasileira, no dia 9 de abril de 1981, Luiz Inácio Lula da Silva era intimado a participar de uma audiência de um julgamento no qual era acusado de "apologia à vingança", "incitamento à luta armada" e à "luta pela violência entre as classes sociais", em Manaus (AM).

Ao lado de nomes como Chico Mendes, seringueiro morto em 1988, Lula foi acusado por um discurso político, juntamente com José Francisco da Silva, então presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura no Acre, João Maia da Silva Filho (delegado da confederação em Brasileia), e Jacó Bittar, então secretário do PT e que hoje tem o filho Fernando Bittar figurando em acusações contra Lula relacionadas ao sítio de Atibaia.

Em assembleia do sindicato rural de Brasileia, no Acre, Lula falava a mais de 4 mil seringueiros sobre o momento delicado: uma semana antes, o presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Brasileia e presidente da Comissão Municipal do PT, Wilson Pinheiro de Souza, havia sido assassinado com tiros pelas costas, em crime que nunca foi esclarecido.

"Chega de trabalhador chorar a morte de companheiro. Está chegando a hora de a onça beber água", disse Lula, em tentativa de animar os militantes. Um dia depois, o capataz de fazenda Nilo Sergio de Oliveira foi executado por trabalhadores rurais. A afirmação de Lula foi suficiente para ser acusado de ameaça, ao lado de Chico Mendes, que também participou do ato.

Lula foi levado à audiência por seu discurso político, em meio ao conflito rural das terras de seringais que estavam ameaçadas nas mãos de ruralistas, em plena ditadura do regime militar no Brasil. Absolvido pelo Conselho Permanente de Justiça do Exército, Lula conseguiu sair da perseguição jurídica daquele caso. Mas o cenário de represália contra o seringueiros foi o que levou, até o último momento, à morte de Chico Mendes, sete anos depois.

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