A régua com que se mede Chico não se mede Francisco
"Mesmo que o candidato do governo fosse lançado hoje, já o seria com injustificável atraso."
A fim de lançar seu candidato à sucessão sem causar traumas em sua base de apoio, Darci Lermen passou os últimos meses tentando contornar disputas e vaidades. Não teve sucesso. Não conseguiu definir o candidato, nem evitou traumas.
Quando questionado sobre o tema na entrevista que concedeu ao Canal 2N em dezembro passado, Darci respondeu que não há motivos para pressa e lembrou do ocorrido na eleição de 2020, em que iniciou o ano com baixíssima aprovação e perdendo para o ex-prefeito Valmir Mariano em todas as pesquisas de intenção de voto, situação que perdurou por todo o primeiro semestre daquele ano.
Naquela ocasião, 10 em cada 10 analistas políticos sentenciaram que a derrota do prefeito seria inevitável. O resultado todos conhecem: Darci virou o jogo e foi reeleito com folga.
De posse dessa experiência e da fala do prefeito, parte dos governistas passaram a repetir um mantra: “se viramos o jogo antes, então vamos virar novamente”. Falam como se o próprio Darci fosse disputar a eleição de outubro.
Será mesmo que a história está fadada a se repetir em Parauapebas com todas as suas nuances, mas com personagens completamente distintos?
Acredito que algumas perguntas elementares podem jogar luz sobre essa questão. A primeira e mais básica de todas: quem será o candidato em outubro, Darci ou outra pessoa? Como sabemos, não há transferência automática de votos. E mais, carisma não se transfere.
A segunda pergunta: considerando que o governo patinava em torno de 30% de aprovação no início de 2020, que personagem político de Parauapebas e região, além de Darci, conseguiria sair daquela situação dramaticamente adversa para virar e ganhar a eleição em poucos meses?
As respostas para essas perguntas acima são óbvias: Darci não será candidato em outubro próximo e ninguém conseguiria fazer o que ele fez em 2020.
Proponho o seguinte raciocínio: preservando as mesmas condições de temperatura e pressão de 2020, imaginemos que no lugar de Darci Lermen o candidato à reeleição tenha sido o Rafael Ribeiro, o Branco da White, o Keniston Braga e, por último, o Braz et caterva, o que será que teria acontecido?
Será que conseguiriam sair daquela situação totalmente desfavorável e derrotariam Valmir Mariano ou os 10 em 10 analistas políticos acertariam seus prognósticos?
Acredito firmemente que o feito de Darci em 2020 é o mais perfeito exemplo do que se define como “ponto fora da curva”. Rafael Ribeiro, Branco da White, Keniston Braga ou Braz teriam sido derrotados.
Mas também há os que dizem que a poderosa e bilionária máquina pública parauapebense elegerá qualquer um, seja quem for o candidato do governo.
Ora, então me respondam como que um humilde professor conseguiu derrotar em 2004 o poderoso grupo político que dominava a cidade e a prefeitura há anos? ou então como que um poste como Valmir da Integral conseguiu se tornar prefeito em 2012 derrotando o então candidato Coutinho? Pasmem, Coutinho era o candidato do governo Darci.
Por todo o exposto, pergunta-se: o que explica Darci Lermen ainda não ter lançado oficialmente o seu escolhido à sucessão, já que estamos em pleno ano eleitoral e qualquer outro nome que não seja o dele próprio precisará de tempo e muito trabalho para se consolidar?
Do ponto de vista lógico não há explicação. Mesmo que o candidato do governo fosse lançado hoje, já o seria com injustificável atraso. Darci Lermen está, sim, cometendo um grave erro, pois está medindo o candidato da base, seja ele quem for, pela mesma régua com que se mede.
Um erro que poderá custar muito caro para seu grupo político, mas o preço maior quem pagará é ele mesmo, pois sem um sucessor na prefeitura de Parauapebas, Darci trocará o sonho de uma cadeira no Senado Federal pelo pesadelo de uma aposentadoria forçada e precoce.
* Sinvaldo Braga é formado em Física (UFPA) e Auditor Fiscal da Receita do Distrito Federal
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