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quarta-feira, 27 de março de 2019

O Sagrado Direito de Exercer a Burrice em Público, por Marco Atílio



Era início de uma tarde chuvosa quando resolvi me atualizar lendo as notícias da cidade. Escolhi começar pelo autoproclamado portal de notícias Pebinha de Açúcar, um erro do qual passaria o resto da tarde lamentando. 

Eis que me deparo com a seguinte notícia: “Ato Cívico [sic] será realizado em Parauapebas”. Como o título da matéria aguçou minha curiosidade, resolvi clicar para ler. Péssima decisão. 

Ao ler a matéria, percebi que se tratava de um chamamento público para comemorar o dia 31 de março de 1964, dia do golpe militar ao Estado brasileiro. Com um português sofrível, a matéria começa afirmando o seguinte: “Feito com o objetivo de conscientizar a população sobre o que representa para a nação brasileira o momento em que o país é, mais uma vez, retomado das mãos dos comunistas...” 

Bom, confesso que não sabia que o Brasil já teve um governo comunista, pior ainda, MAIS DE UMA VEZ. Meu amigo Leônidas Mendes, grande historiador, deve ter ficado com uma intensa dor no rim esquerdo ao ler tamanha bizarrice. Mas Léo, prepare uma dose cavalar de morfina, encha o copo de uísque e sente no sofá que de onde saiu isso tem mais, muito mais. 

Ao seguir lendo a matéria como um verdadeiro ato de masoquismo, vi a fala do organizador do evento que, se não fosse tão maluca e bizarra, seria até engraçada: “A ideia é quebrar a mentira que nos foi imposta. Então será esclarecido a respeito do período em que vivemos governo militar [sic] que hoje é confundido como ditadura militar. ” 

Ora, ora, quer dizer então que não tivemos uma ditadura militar, mas sim um governo militar. Muito bem, nunca tinha pensado dessa forma. Brilhante! Meu caro Léo, acho que agora já pode tomar a dose de morfina e secar o copo de uísque. 

Não sei se devo, mas vou tentar esclarecer da forma mais simples possível: o golpe militar de 1964 e os 21 anos de ditadura que se seguiram são um consenso histórico de todos os segmentos da sociedade, seja de esquerda, centro, direita ou mesmo da extrema direita. 

Até mesmo Bolsonaro, notório indigente mental, concorda que tivemos uma ditadura, segundo suas próprias palavras, “o erro da DITADURA foi torturar e não matar”. Já em outra oportunidade ele disse o seguinte: “sou a favor da TORTURA. Através do voto, você não muda nada no país. Tem que MATAR 30 mil”. 

Bolsonaro não nega a ditadura, muito pelo contrário, tem orgulho dela e é exatamente por isso que determinou as comemorações pelo dia do golpe. Simples assim. 

Mas vejam, não pretendo em hipótese alguma desestimular a exposição pública da burrice alheia, as pessoas têm que sentir orgulho do que são. É um direito que as assiste e um princípio básico da felicidade. 

Acho que esse ato público é até bem-vindo, pois dia 31 será domingo e Parauapebas carece de diversão pública. Como o zoológico mais próximo fica à distância de 25 quilômetros, pretendo levar meus três filhos nesse Ato Cívico para contemplar asnos, antas e burros em perfeita harmonia com a natureza.

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