O jornalista Luis Nassif aponta indícios de que a operação Lava Jato chantageia 4 ministros do STF, as informações constam no "Xadrez da contagem regressiva para a queda de Bolsonaro"
"Peça 5 – o fim do medo
Há dois pontos centrais que ajudarão a marcar o final de Bolsonaro, o breve.
O primeiro, a constatação das cortes brasilienses de que a escandalização com o governo não se resume a eleitores desiludidos, mas às próprias Forças Armadas. À esta altura, não há como o Alto Comando não se dar conta dos riscos de se deixar o país nas mãos desses desatinados. Especialmente à medida em que vai ficando claro o envolvimento do clã com milícias digitais e milícias criminosas.
O segundo, é o fim da blindagem da Lava Jato, com a explicitação dos interesses menores na criação da fatídica fundação de direito privado.
O ponto de inflexão foi a reação do STF (Supremo Tribunal Federal) contra o jogo de chantagens das milícias digitais e os ataques de procuradores nas redes sociais, com a decisão do presidente Dias Toffoli de mandar investigar a origem dos ataques. Por aí se quebrará a parte mais ostensiva da influência dos bolsonaristas-lavajateiros, com suas ameaças digitais.
No dia em que se contar a história da Lava Jato, aliás, ficará claro os movimentos de chantagem contra quatro ministros da corte – não necessariamente da parte da Lava Jato, mas das milícias de direita que se formaram em torno dela e que ajudaram a impulsionar o impeachment.
Há indícios de que pelo menos quatro Ministros se submeteram às pressões:
Luís Roberto Barroso – com o dossiê envolvendo sogra e esposa e investimentos imobiliários em Miami. Depois do aggiornamento de Barroso, não mais se falou do tal dossiê.
Luiz Edson Fachin – farta documentação (inclusive fotográfica) do trabalho realizado pela JBS em favor da sua eleição para o cargo, passando pelo empréstimo do jatinho da empresa para as visitas a senadores em seus estados de origem, e festividades típicas da corte brasiliense. A mudança de Fachin foi radical. E o dossiê não apareceu.
Carmen Lúcia – a casa que adquiriu, sub-avaliada, de um vendedor próximo a Carlinhos Cachoeira. O episódio mereceu uma nota em uma coluna de O Globo. Depois que a Ministra se alinhou ao punitivismo, o caso sumiu dos jornais.
Luiz Fux – é o tal Ministro que está sendo agora alvo de ameaças, conforme indicado dias desses por Gilmar Mendes, e não Barroso, como supus. As investigações da Lava Jato Rio estão indo a fundo no sistema judicial e nos escritórios de advocacia. Semana sim, semana não, há uma nota em jornal com insinuações sobre a delação do ex-governador Sérgio Cabral.
Nem se julgue que sejam cúmplices de atos criminosos. Foram subjugados unicamente com a ameaça sobre suas reputações. Abriram mão de convicções tratando reputação pública – isto é, a serviço do público – como um ativo privado.
Nada disso ajudará a segurar a enchente quando o caso das milícias e de Marielle Franco for finalmente desvendado."
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