O Vazio do Espaço, por Léo Mendes
Há duas maneiras de fazer política. Ou se vive “para” a política
ou se vive “da” política. Nessa oposição não há nada de exclusivo. (...)
(Max Weber)
Certa vez, durante entrevista para um de seus biógrafos, o primeiro ministro inglês, Winston Churchill, considerado um dos mais importantes líderes políticos do século XX, afirmou que a grande diferença entre a guerra e a política era que na primeira “a pessoa só pode ser morta uma vez, (...) na [segunda], diversas vezes”.
Essa foi a imagem que me veio à cabeça ao me dispor a analisar o rol de candidatos a deputado federal que se oferecem ao pleito de outubro vindouro em Parauapebas! Pois, além da inexpressividade político-eleitoral dos nomes, evidencia-se pari passu o descaso dos partidos, de suas lideranças, para tais candidaturas em nossa cidade.
Dispostos os nomes, logo percebemos que para os dirigentes estaduais dos partidos, de qualquer espectro político-ideológico, a aposta é no vazio: de projetos, de propostas, de lideranças; de modo que as “candidaturas federais” de Parauapebas, nada preencham, deixando “espaço político” para candidaturas exógenas!
Ou, como se costuma dizer no jargão político: nossos/as candidatos/as não apresentam musculatura eleitoral nem para “escada” e, alguns, sequer para “degraus”; uns nada tem a ganhar e quase todos nem mesmo o que perder, a não ser, talvez, o tempo.
É assim que vejo a postulação, por exemplo, de Cláudio Almeida (atualmente no PTC). De 1992 pra cá, não consigo me lembrar de eleição na qual o dito não tenha disposto seu nome e, salvo numa ou noutra, ainda nos anos 1990, tenha chegado ao fim! Sem querer ser injusto, acredito que seu mais notável interesse seja tentar manter a influência, se ainda lhe resta alguma, sobre a estrutura do partido ou da campanha. Nada além!
Outro não parece ser o caso de Frank James, no PRTB, ou do Pastor Wesley do PSDB! Embora, nestes casos, há também a necessidade de candidaturas para a composição das coligações; e, especificamente neste último, não se possa descartar os interesses político-eleitorais de sua igreja!
Não muito distante dessa premissa, mas por motivações diferentes, podemos também incluir a disposição da Enfermeira Leonice do PSOL: candidatura que, indiscutivelmente, preenche a lacuna ideológica, mas, nem por isso abarca o vazio eleitoral de seu partido além dos nichos que acaso já possua.
Numa proporção menos contundente, mas não tão distante, nos parece, devemos também incluir no nome da professora Francisca Ciza do DEM; ainda que esta, não podemos desconsiderar, traga certa experiência em campanhas, o mandato de vereadora e a necessidade de palanque para o postulante a governador de seu partido, Marcio Miranda, o que pode lhe assegurar um mínimo de estrutura material para a disputa.
Já Joelma Leite (PSD), embora também conte com o mandato de vereadora e a experiência de campanha, não conseguimos vislumbrar em sua pretensão nada além de uma tentativa de manter seu nome na memória da população ao tempo que se dispõe a degrau dos “grandes” de seu partido; assim, escapa da “briga de foice” em que se enroscaram os líderes municipais da sua legenda, no caso Gesmar Costa e Valmir Mariano, que tendem a se eliminarem mutuamente.
Por fim, não nos esqueçamos, temos o caso de Miquinha da Palmares (PT) que, devido as especificidades de seu partido, talvez seja, dentre todos os postulantes “federais” de Parauapebas, o que tenha mais consciência de seu papel de ser “mais do mesmo”, isto é, sua candidatura não está posta pra preencher um “espaço vazio”, mas para assegurar que continue “vazio”.
Em outras palavras, Miquinha deverá “capturar” os eleitores que já se dispunham a votar num candidato petista, principalmente na zona rural de Parauapebas, e/ou com algum vínculo preexistente com o partido e/ou com os movimentos sociais. Desse modo, mais do que somar, sua candidatura evita subtrair!
Caso possamos, então, chegar a qualquer conclusão nesta breve e precária análise acerca das candidaturas a “deputância federal” que se oferecem para Parauapebas é que, no quinto colégio eleitoral do Pará, este espaço político continuará vazio, como, aliás, sempre esteve!
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