COMÍCIO PROTAGONIZADO POR DALLAGNOL É PÁGINA TRISTE NA HISTÓRIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Adriano Pilatti - Doutor em Direito Cosntitucional
"Pra quem leva a sério o Direito"
Para quem leva a sério o Direito, os direitos e as instituições, o comício de quinta categoria protagonizado há pouco pelo desequilibrado Dallagnol e seus amiguinhos é uma das páginas mais tristes e constrangedoras da história do respeitável Ministério Público Federal.
"Fanfarrões"
Cordilheiras de acusações, insultos, neologismos policialescos e outros detritos trombeteados com "fundamento" em supostas "evidências" que parecem ter a consistência de uma pluma. Reedita-se o drama mambembe já encenado por outros fanfarrões, aqueles do Ministério Público de São Paulo, sobre o mesmo objeto há meses, espetáculo que merecidamente os condenou ao esquecimento - o tal apartamento dá mesmo azar. Apartamento meia-boca que é a única "evidência" dos supostos crimes do suposto megaganster que supostamente controlaria o suposto esquema de desvio de supostamente bilhões.
"Slides nerds"
Acusação gravíssima, ilustrada por quadrinhos e slides nerds que não escondem a inconsistência dos fatos em sua relação com a grandiloquência da denúncia. E a maior evidência dessa inconsistência é o próprio fato de os fanfarrões não terem pedido a prisão preventiva de tão supostamente perigoso "capo" - até porque isso exigiria coragem.
Se uma pessoa, chame-se Lula, Aécio, Marina ou Bolsonaro, pode ser objeto de uma chacina midiática encenada por agentes públicos, no exercício de suas funções, a partir de suposições e adjetivos, então revogue-se a Constituição, suprima-se sua Carta de Direitos, renuncie-se à pretensão de integrar o campo das sociedades supostamente civilizadas e rasguem-se de vez as fantasias.
"Necessitado de assistência psicológica"
O Ministério Público não existe para dar vazão às pulsões de alguém visivelmente necessitado de assistência psicológica. Nenhum agente pago pelo contribuinte pode se prevalecer de suas atribuições para desqualificar violentamente alguém, tenha que nome tiver, na base do "não é possível que", do "a única explicação é", e outros sofismas do mesmo naipe.
Se Lula cometeu crimes, e não excluo essa hipótese, que se apresente as provas. Do contrário, pode-se chamar isso de pogrom, guerra, linchamento, auto de fé, jihad, o que for, menos de procedimento judicial. Com a palavra o Conselho Nacional do Ministério Público. E as cidadãs e cidadãos que prezam suas próprias liberdades, sabendo-as indissociáveis das alheias.
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O artigo original não tem os tópicos - Leitura no Justificando
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