Gasolina Pura: Euzébio e Wanterlor  na Câmara Municipal 

 

Estamos iniciando mais uma legislatura. Novos mandatários assumiram a direção dos sonhos de dias melhores. É sempre assim, a cada eleição temos nossas esperanças renovadas, esperanças em termos depositados nossos votos em um vereador ou prefeito que, verdadeiramente, represente a vontade popular com transparência e competência. É isso que sempre desejamos.

 
 

Mas não podemos esquecer que a história sempre se repete, e para tentar evitar que ela evolua, como diria Marx, de tragédia para uma farsa, temos que aprender com nossos erros do passado. Somente com a consciência histórica de nossos erros é que podemos fazer o certo.

Diante de tão filosófico destino é que venho, a partir deste, elaborar uma série de textos analíticos na tentativa de auxiliar nossos cidadãos em suas futuras escolhas. A partir de hoje, a cada semana, tentaremos decifrar os mistérios que existem nos contratos do poder legislativo municipal, efetuados nos anos de 2011 e 2012, sob o império do Sr. Wanterlor Bandeira Nunes, o poderoso Diretor Administrativo da Câmara Municipal.

Escolhemos os anos de 2011 e 2012 por serem os anos em que o duodécimo do orçamento, do qual o legislativo municipal tem direito, sofreu um verdadeiro Plus. Em 2010 a Câmara Municipal recebeu em torno de 11 milhões, em 2011 esse valor subiu para aproximadamente 19 milhões. Um aumento substancial, quase 90%.

Começaremos por dois contratos: o de compra de combustíveis e locação de veículos. Os dois foram realizados para suprir a necessidade dos primeiros dois meses de 2011. 

O tipo licitatório escolhido pela comissão de licitação foi a Carta Convite, tanto para a aquisição de combustíveis como para a locação de veículos. As empresas ganhadoras foram, respectivamente, LIMA & PINHEIRO LTDA e PINHEIROS E SERVIÇOS DE TRANSPORTES LTDA. Só por curiosidade, é bom deixar registrado que ambas as empresas pertencem ao mesmo dono.

Os contratos foram executados da seguinte forma: no dia 31/01/2011 foram pagos R$ 34.430,00 em combustíveis e R$ 23.950,00 em locação de veículos. Já no dia 02/03/2011 foram pagos R$ 36.433,00 em combustíveis e R$ 31.150,00 em locação de veículos.

Sendo assim, os valores totalizados são de R$ 70.863,00 em compra de combustíveis com vigência do dia 14/01 a 28/02/2011, ou seja, 32 dias úteis. E R$ 55.100,00 em locação de veículos com vigência de 17/01 a 28/02/2011, nem levaremos em consideração o fato de que os trabalhos legislativos começam somente no dia 15/02 de cada ano.

Pois bem, vamos à análise minuciosa dos fatos.

Com o valor destinado a compra de combustíveis, daria para comprar, em valores atuais, pasmem, quase 22 mil litros de gasolina ou 27 mil litros de diesel. E quantos carros a câmara Municipal poderia abastecer em 32 dias com esse tanto de combustíveis? Fiz a conta para vocês. Repito, pasmem!

Com dados do fabricante, considerei em meus cálculos um consumo médio diário de 20 litros de gasolina para cada carro pequeno – é um arredondamento para cima – e um consumo médio de 22 litros de diesel para as caminhonetes. Também considerei que todos esses carros, sem exceção, rodaram, pelo menos, 200 km todos os dias úteis.

Portanto, com esses dados, chegamos aos seguintes números: daria para o presidente da casa na época, Euzébio “Espírita” Rodrigues, ajudado pelo fiel escudeiro, Wanterlor “Fazendeiro” Bandeira, terem abastecido 34 carros populares ou 38 caminhonetes tipo Hillux.


Agora chegamos à parte do cálculo que, confesso, não consegui entender muito bem, mas vamos lá! Quem sabe alguém pode ajudar com novas conclusões.

Com o valor destinado para locação de carros (R$ 55.100,00), no mesmo período, daria para locar apenas, considerando o valor de mercado, 17 carros populares ou 5 caminhonetes tipo Hillux.

Dessas afirmações, surge um grande problema: na melhor das hipóteses, com a Câmara locando 17 carros tipo Gol 1.6, eles teriam consumido apenas metade do combustível comprado, ou seja, 11 mil litros. Surgem algumas perguntas:
 

- Mas cadê os outros 11 mil litros de gasolina restantes, para onde foram?

- E os 17 carros a disposição da Câmara, alguém viu?

- Mas por que a câmara teria que locar 17 carros se eram somente 11 vereadores?

A coisa fica ainda mais esquisita quando consideramos que o contrato foi apenas de camionetas do tipo Hillux. Neste caso o consumo seria de, no máximo, apenas 4 mil litros de diesel. Surge outra pergunta:

- E para onde eles teriam levados os outros 23 mil litros de diesel comprados?

Chego a pensar até mesmo em um conluio do Wanterlor e Euzébio com os donos de postos de gasolina, pois parece ser essa a única explicação do preço da gasolina em nossa cidade ser a mais cara do Brasil.

Raciocinem comigo: na crise econômica de 1929 originada na quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, a saída que o então presidente Getúlio Vargas encontrou para não deixar o preço do café, principal produto de exportação, despencar, foi comprar, estocar e queimar. Com a queima das milhares de sacas de café, a oferta diminuiu e o preço se manteve em alta.

Acho que a ideia lunática do nosso vereador “espírita” e de seu diretor “fazendeiro” foi de comprar todo o excedente de combustíveis da cidade e queimá-los em algum lugar, dessa forma a demanda aumentaria, a oferta diminuiria e o preço subiria. Os donos de postos pagariam a eles um percentual de seus lucros.

Sei que essa hipótese é um “pouco” sensacionalista, mas me digam, existe alguma explicação do porquê a Câmara Municipal teria comprado quantidade astronômica de combustíveis sem, como provei matematicamente, a menor possibilidade de consumo.

Existem somente duas pessoas capazes de jogar uma luz sobre essas dúvidas: uma, o então presidente da casa em 2011, Euzébio “Espírita” Rodrigues; outra, Wanterlor “Fazendeiro” Bandeira.

Mas caso esses dois grandes companheiros tenham se “esquecido” dos fatos, existe um ente capaz de fazer com que as lembranças venham à tona, esse ente chama­-se Ministério Público.

Um abraço e até a próxima!