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sexta-feira, 3 de junho de 2022

A Amazônia por Lúcio Flávio Pinto - O Pará com seu rabo de cavalo

Manifestação em frente a Vale em Parauapebas (Carajás) no Pará
(Foto: Mídia Ninja)

O Pará com seu rabo de cavalo

Por Lúcio Flávio Pinto Publicado em: 02/06/2022 às 17:21

Como parte das comemorações dos seus 70 anos, a Vale lançou, em novembro de 2012, o livro Vale – Nossa História, “que eterniza a nossa trajetória em 420 páginas recheadas de casos interessantes e dados históricos”, relembra a empresa no seu endereço eletrônico.

“Inicialmente, a ideia era fazer um simples catálogo de fotos, mas o material encontrado foi tão amplo, que o resultado superou as expectativas. Com tiragem de 15 mil exemplares, a publicação vem sendo distribuída para bibliotecas públicas, escolas e universidades de todo o país”, diz ainda o site oficial da mineradora, acessível ainda hoje.

A publicação, que, na verdade, é mais do que um livro e sim um álbum, de excelente apresentação gráfica e bom conteúdo, “faz parte de um projeto de recuperação da memória da Vale. O primeiro produto, um filme de 26 minutos, foi premiado, em 2012, com o golfinho de ouro no Cannes Corporate Media& TV Awards, fato até então inédito no Brasil”. Comemora a ex-estatal.

Por que, contrastando brutalmente com uma década atrás, a Vale praticamente não comemorou a data redonda e expressiva dos 80 anos, completados em 1º de junho, interrompendo a série de festividades decenais? Certamente por causa das duas maiores tragédias ecológicas, com perdas humanas, que causou na década passada, manchando a sua marca e pesando sobre o seu valor de mercado.

O rompimento de barragens de rejeitos de minério da Mina Germano, em Bento Rodrigues, Mariana, Minas Gerais, em 5 de novembro de 2015, contaminou o rio Doce e provocou 19 mortes. A Vale, terceira maior mineradora do mundo, dividiu a responsabilidade com a primeira do ranking, a anglo-australiana BHP Billiton, sócias em partes iguais de 50% na Samarco, dona da mina.

Avalizadora de tudo que acontece na mineração em Minas, a Vale pagou um preço maior do que o da sua sócia. Desde então, a BHP se distanciou ainda mais no topo da classificação mundial seu valor internacional, de quase 180 bilhões de dólares, é quase o dobro do que a Vale mantém neste ano, de US$ 91,1 bilhões.

Ela foi atingida por novo efeito devastador: o desabamento na mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, também em Minas, em 25 de janeiro de 2019, causou 270 mortes (mas ainda não foram resgatados cinco corpos). A Vale é dona integral dessa mina. Uma tragédia ainda maior, com seus efeitos humanos mortais, levantou dúvidas e receios sobre seu acervo de minas e barragens concentradas em Minas, onde estão 85 das 110 barragens operadas no Brasil (21 delas no Pará).

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