A mensagem
A eleição em Parauapebas teve um resultado previsível. Aos mais atentos, um resultado quase monótono.
No entanto, algo histórico aconteceu nessa eleição que está sendo pouco comentado: apenas 78,8% dos eleitores aptos a votar compareceram às urnas. Uma abstenção recorde. Em 2016, quase 90% dos eleitores saíram de suas casas para votar e, destes, 95% escolheram um candidato.
Neste ano, se considerarmos apenas os eleitores que votaram em algum candidato, foram apenas 71% dos cidadãos que efetivamente se interessaram pela escolha de seus representantes. 7,52% dos que votaram, optaram por anular ou votar em branco.
Pode-se argumentar que a pandemia do novo coronavírus tenha sido a culpada por essa histórica abstenção. Não acredito nessa explicação. Em Parauapebas as pessoas agem como se vivessem em uma cidade em que a Covid-19 não existisse mais, nem mesmo usam máscaras.
Na verdade, os cidadãos parauapebenses enviaram um recado aos políticos em geral, eleitos e não eleitos, da esquerda à direita: estamos cansados de vocês!
Por outro lado, é incontestável a vitória de Darci sobre seus opositores. Mesmo que Valmir e Júlio César sejam duas bestas quadradas no que diz respeito à política, não se pode deixar de reconhecer que uma vitória com mais de 33 mil votos sobre o segundo colocado impõe merecido respeito ao candidato.
Mas é de suma importância que Darci Lermen leia as entrelinhas desse processo eleitoral.
Considerando o total de cidadãos aptos a votar, apenas 35,3% dos eleitores de Parauapebas disseram sim à continuidade de seu governo.
Em pesquisa recente, o Instituto Data Populi mostrou que seu modelo de gestão amarga pífios 31% de ótimo e bom. É praticamente o mesmo percentual de eleitores que votaram em sua reeleição.
Está claro que a maioria da população não vem aprovando o modelo de governo implantado. Mas, então por que Darci foi reconduzido para mais quatro anos de governo? Para mim, a resposta está em dois motivos.
Primeiramente Darci é inegavelmente um político habilidoso, seus adversários, por outro lado, são completamente inábeis, beirando o idiotismo – óbvio que me refiro ao sentido político.
O outro motivo tem relação com o primeiro: Darci parece ser duas pessoas diferentes ocupando um único corpo. Na condição de político, é absurdamente competente a ponto de ele próprio conduzir em campanha o trabalho de sua equipe de marketing, quando deveria ser o contrário.
Como gestor, entra em campo um outro Darci. Sequer consegue exonerar um secretário que tem evidentes problemas psicológicos, onde o último lugar em que deveria estar era ocupando cargo no governo, mas, sim, num consultório psiquiátrico.
São vários os problemas de gestão que vão se somando sem que o Darci prefeito tenha a mesma coragem e energia do Darci candidato.
Por sorte, parte da população soube separar esses dois Darcis. Mesmo reprovando um, resolveu votar no outro.
Tenho fé que o seu novo governo será melhor que os três primeiros, e infinitamente melhor do que seria um governo do decrépito Valmir ou do filhote de Bolsonaro, Júlio César.
Mas é de extrema importância que o agora reeleito prefeito ouça a mensagem que os cidadãos enviaram no último domingo em forma de abstenção histórica.
Parauapebas não precisa apenas de um político habilidoso, mas também de um verdadeiro administrador com coragem e energia para enfrentar os graves problemas de governo e da cidade.
Há um enorme desafio pela frente. Também não há dúvidas que Darci está à altura do desafio posto.
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