Convite
A família VIEIRA convida os amigos para a Missa de 7º dia de Maria Reis Vieira (Dona Cota).
Local: Igreja de São Sebastião (Praça Mahatma Gandhi).
Data: 26 de março de 2015 (quinta-feira)
Horas: 19h30m.
Mulher Guerreira
A
vida a fez assim. Um misto de alegria, mistério e sobriedade. Forte e
destemida, nunca mediu esforços para criar e educar oito filhos com toda
a dedicação e amor. Apesar de pouco estudo, criada na roça, foi a
primeira professora de todos os filhos e dos filhos de muitos parentes e
vizinhos. Vigorosa trabalhadora, cheia de sonhos e ideais não deixou
que as intempéries da vida abatesse sua família. Lutou a vida inteira
com muita fé e esperança. Imprimiu sua personalidade e honradez em cada
um dos herdeiros.
Essa era Dona Cota,como gostava de ser chamada. Para os mais íntimos,
Dona Cotinha; para outros apenas vozinha; para mim, apenas MAMÃE. Mamãe
era a força bruta da natureza polida com a labuta do dia a dia e com a
experiência da vida. Dedicada e com espírito solidário ultrapassava
todas as barreiras para ajudar o próximo. Com natureza andarilha ia ao
encontro de todos os amigos, parentes e conhecidos nos confins do mundo.
Quem é que teve contato com ela e nunca recebeu uma visita? Impossível!
Qual o sobrinho ou neto (biológico ou postiço) não se lembra das
inúmeras vezes que a fez companhia em suas andanças?
Ver Dona Cota triste ou contrariada era tarefa quase impossível. Para
ela não havia tempo ruim. Faça sol ou faça chuva, estava sempre animada e
de nada reclamava. Pessoas ruins ou mal intencionadas para ela não
existiam. Parece que seu bom humor eliminava os problemas e afastava os
maus fluídos. Cantava enquanto trabalhava e enquanto descansava, cantava
e tamborilhava. Chegava a ser engraçada! Suas tiradas e suas
trapalhadas nos matavam de rir. Assim continuaremos a dar boas
gargalhadas até que a vida nos subtraia e nos leve para sorrir ao seu
lado.
A
guerreira se cansou. Suas pernas já não respondiam a vontade de sua
mente que insistia em não envelhecer. Com pouca mobilidade passou a
ocupar seu tempo com a leitura. Lia, lia e lia de tudo. Quando não havia
mais nada para ler, catava folhetos de propaganda. Um dia a surpreendi
lendo uma revista veterinária. Brinquei: "A senhora está pensando em
cuidar de cavalos agora?"
Dona Cota resolveu dar sua missão por cumprida nesse plano terrestre.
Aos oitenta e cinco anos fechou os olhos com serenidade e tranquilidade.
Assim como chegou, partiu. Partiu sem dor, sem sofrimento, mas
deixou-nos com o coração partido. Ficou a sensação do vazio, ficou a
saudade, ficou a melancolia. Mas ficou também sua lição de vida, sua
dedicação, e, acima de tudo, seu sorriso que guardaremos eternamente.
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