O POVO PRECISA DIZER NÃO AO MODELO DESIGUAL DE FAZER POLÍTICA
* Raimundo Moura |
Não teria frase melhor para iniciar este diálogo político: “a desgraça dos que não se interessam por política é serem governados pelos que se interessam”. Acrescento que a desgraça dos que não gostam de política é votar em quem está ganhando, ou seja, quem está aparecendo nas pesquisas intencionadas e patrocinadas, independentemente do seu desgosto pela política. Por que será que a maioria das pessoas que diz que não gosta de política sempre vende o voto?
Os eleitores que tomam essa atitude terminam fortalecendo a corrupção na política brasileira, pois votam sempre no pior candidato. Não é por acaso que um dos piores candidatos do Estado do Pará, teve mais de um milhão e meio de votos nas últimas eleições para o senado, mesmo sendo ficha suja. Igualmente aconteceu com outro “mensaleiro”, que inclusive é candidato de novo ao Senado e novamente teve a sua candidatura indeferida pela Justiça Eleitoral.
Nas últimas eleições municipais muitos candidatos fichas sujas tiveram as suas centenas de votos anulados. Teve candidatos que o povo sabia da sua inelegibilidade e mesmo assim votou em troca de alguns reais e vantagens pessoais. Isso acontece porque nesse modelo de política ganha quem tem o que oferecer em espécies e não quem tem as melhores propostas para melhorar a vida do povo.
Em regra geral quem manda na política é quem tem poder aquisitivo ou é financiado por grupos empresariais ou por uma prefeitura ou governo estadual, limitando o poder político que deveria ser popular a um pequeno grupo de nobres, pois o domínio político burguês sempre buscou restringir o acesso do povo ao poder.
A democracia é a conquista mais admirável da sociedade nos últimos tempos. É uma conquista contínua e coletiva que nos une em torno de um projeto de vida em sociedade, permitindo-nos a viver como indivíduos sociais. Acontece que essa democracia ainda está na fase representativa, aquela que alguém é eleito para representar a maioria, mas que na verdade termina representando apenas o seu “grupinho”. Funciona assim nos partidos políticos, nos sindicatos, nas igrejas, nas associações civis, nas escolas e nas melhores famílias.
A representação pode ser usada para expandir a democracia como para contê-la, tudo depende do jogo de interesses envolvido. Infelizmente essa conquista (a democracia) vem sendo desconfigurada no plano da política institucional. Os processos eleitorais viraram negócios rentáveis para pequenos grupos empresariais e latifundiários.
Desse modo, a representação que deveria se desenvolver em direção a uma democracia participativa, para a construção de políticas públicas em benefício da maioria, termina tornando-se uma medida parcial e paliativa para garantir apenas algumas concessões ao povo.
As organizações dos trabalhadores através de sindicatos, sempre tiveram papel fundamental na conquista da democracia no mundo industrializado, porém é preciso avançar na disputa do poder político para conquista de maiores avanços na vida dos trabalhadores.
Infelizmente, por culpa do próprio PT, que se colocou historicamente como o partido dos trabalhadores e abandonou essa bandeira de luta quando chegou ao poder central do país; a compreensão da luta de classe ainda é um dilema na vida da maioria dos eleitores brasileiros. Esses eleitores terminam sendo convencidos pelo “marketing” dos candidatos patrocinados por “lobistas” e partidos de alugueis, que financiam os meios de comunicação de massa para polarizar os debates eleitorais apenas nos candidatos milionários.
Através dessa estratégia, em nome da manutenção do poder burguês, cria-se um verdadeiro ilusionismo na cabeça dos eleitores em torno dos candidatos principais, como se esses fossem diferentes e representassem alguma mudança. Por outro lado negam espaços para os outros candidatos em disputas, violentando a função social da informação e negando aos eleitores o direito de conhecer outras alternativas de poder. Isso se chama manipulação da informação, confunde os eleitores e não esclarece da importância que tem uma eleição geral para o país, enfraquecendo desta forma a democracia.
Faz-se urgente o rompimento com esse modelo desigual de política! É preciso escrever uma nova história na democracia de nosso país, onde os eleitores voltem a ter esperança na política e participem livremente das eleições, exercendo de fato a sua cidadania.
* Raimundo Moura, Pedagogo, Especialista em Educação Ambiental, Cidadania e Desenvolvimento Regional pela UFPA e Servidor Público.
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