Se, em 2025, queda projetada em até R$ 700 milhões para o ICMS também se concretizar, o hoje rico município enfrentará sérias dificuldades até mesmo para manter servidores concursados em seu quadro
Parauapebas já pode pedir música no Fantástico. Com sua prefeitura considerada bilionária, o faturamento local da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem) vai entrar para o terceiro mês consecutivo atrás da arrecadação de royalties do vizinho Canaã dos Carajás, município onde a população mais cresce no Brasil há dois censos demográficos consecutivos. A queda na produção física de minério de ferro na Serra Norte de Carajás e a baixa nas exportações fizeram com que a Serra Sul, situada em Canaã, levasse a melhor na “guerra santa” das estatísticas de produção mineral. As informações foram levantadas pelo Blog Sol do Carajás.
Com o
crédito da Cfem atrasando todo mês, como rotina, a Prefeitura de Parauapebas
ficou de receber agora em maio R$ 48,235 milhões, o menor valor em dez meses,
de acordo com dados levantados pelo Sol do Carajás junto à Agência Nacional de
Mineração (ANM). Aliás, além de ser o menor valor em dez meses, os royalties de
maio vêm de uma sequência de queda desde o início deste ano.
Cfem em Parauapebas
§
R$ 87,575
milhões
em fevereiro ↓
§
R$ 70,496
milhões
em março ↓
§
R$ 55,873
milhões
em abril ↓
§
R$ 48,235
milhões
em maio ↓
§
R$ 44,210
milhões
previstos para junho
Nocautes
A Prefeitura de Canaã dos Carajás levou a melhor sobre Parauapebas em março, tendo recebido R$ 58,943 milhões, e em abril, embolsando R$ 60,077 milhões. Em junho, conforme cálculos do Blog a partir de dados da exportação de bens minerais, é previsto que Canaã fature cerca de R$ 50 milhões.
Essa
sequência de derrotas — por três meses consecutivos — de Parauapebas para Canaã
até então não havia sido registrado na história das contas públicas desses
municípios. E como o Blog já havia prenunciado há alguns anos, esse “fenômeno”
se tornará cada vez mais comum, já que a prioridade da mineradora multinacional
Vale é extrair minério de ferro em Canaã dos Carajás, onde suas operações são
técnica e financeiramente mais rentáveis.
E que a
sociedade não estranhe se, em breve, ouvir dizer que a Prefeitura de
Parauapebas vai passar a atrasar os robustos salários de seu funcionalismo, uma
vez que os proventos seguem em tendência de aumento para impactar a receita na
ordem de 50% — e vale ressaltar que nem todos os recursos que compõem a receita
municipal podem ser usados para quitar folha de pagamento, a exemplo da própria
Cfem, cujo uso para despesa com pessoal é vedado por lei.
Atualmente,
só o volume de proventos dos servidores efetivos totaliza R$ 770 milhões por
ano, mais que toda a arrecadação de Castanhal, e caso se concretize a queda na
arrecadação, também, do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
(ICMS), como previsto em até R$ 700 milhões para 2025, o município terá sérias
dificuldades financeiras para manter inclusive servidores concursados e poderá
ter de iniciar um plano de desligamento voluntário da força de trabalho em
idade de se aposentar e até daqueles trabalhadores concursados ainda não
estáveis. Está chegando a hora de Parauapebas encarar sua realidade
negligenciada e lidar com seus maiores pesadelos.
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