terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Documento do governo Bolsonaro manipula dados do IBGE para favorecer o agronegócio brasileiro: setor gera pobreza e violência


Erros, fanfarronice e propaganda do atraso

Usando dados de 2019, já devidamente consolidados pelo IBGE, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do governo Bolsonaro emitiu uma nota  com informações dos 100 maiores PIB's municipais em produção agropecuária no Brasil.

A nota tem erros e manipulação com a finalidade de propagandear o atraso, sem a menor confiabilidade técnica, misturando dados inconclusos e de períodos diferentes, utilizando o PIB de 2019 e 'dados municipais' de 2020.

O agronegócio é destruição


Enquanto isso, o governo federal corta a verba de monitoramento do desmatamento no Cerrado brasileiro, a região perdeu 8,5 mil km² de vegetação nativa, entre agosto de 2020 e julho de 2021:

"O atual governo não tem interesse em manter o monitoramento. Nem da Amazônia, nem do Cerrado", (Gilberto Câmara, ex-diretor do Inpe - aqui DW)

Serve para propaganda na revista da Globo

O documento/propaganda sobre o PIB agropecuário dos municípios brasileiros serviu de matéria para uma revista da Globo, mídia presa aos interesses do agronegócio (aqui), mas a realidade faz surgir uma pergunta: o agronegócio simboliza a riqueza ou representa de fato a pobreza no Brasil?

Segundo a Globo, 'o agro é tech, o agro é pop', a realidade mostra que o agronegócio brasileiro é tóxico, é morte.

O agro vai bem quando o Brasil vai mal

O crescimento das safras brasileiras, entre 2019 e 2020, foi estimado pela Conab em apenas 5,7% (aqui), deixando sérias dúvidas sobre a veracidade das informações divulgadas pelo Ministério da Agricultura. Como explicar que alguns municípios tenha aumentado sua participação na produção agropecuária em quase 400%, no mesmo período? A verdade é que quando o agro vai bem, o Brasil vai mal.


Nem a perda do controle sobre a depreciação cambial, levando o preço do dólar às alturas, poderia explicar dados tão inflacionados. A nota do Ministério da Agricultura não tem a menor confiabilidade e fica longe de qualquer rigor estatístico.

Sorriso/MT

Segundo dados do IBGE, o município de Sorriso/MT, em 2019 teve um PIB total de R$ 6,23 bilhões sendo que a produção agropecuária ficou em apenas R$ 1,46 bilhão (aqui). Para o ano de 2020, segundo a nota do Ministério da Agricultura, o PIB agropecuário de Sorriso/MT seria de R$ 5,34 bilhões - valor que não é possível confirmar no site do IBGE.

São Desidério/BA

A mesma inconsistência se observa quanto ao município de São Desidério/BA, o segundo do ranking, em 2019, segundo o IBGE (aqui) o PIB consolidado foi de R$ 2,59 bilhões e a produção agropecuária ficou em R$ 1,57 bilhão. Já para 2020, a nota do Ministério da Agricultura diz que a produção agropecuária de São Desidério/BA foi de R$ 4,6 bilhões.

Igarapé-Miri/PA 

No Pará, o município de Igarapé-Miri teria a maior produção agropecuária, no ano de 2020 alcançou a cifra de R$ 1,6 bilhão. O IBGE mostra que em 2019, o município paraense teve um PIB total de R$ 521,7 milhões com uma produção agropecuária de apenas R$ 99,4 milhões (aqui).

Parauapebas/PA

O município de Parauapebas/PA teve um PIB em 2019 de R$ 23,03 bilhões e uma produção agropecuária de R$ 186,1 milhões (aqui).

Agronegócio representa apenas 6,3% do PIB

Os 100 maiores municípios somam R$ 151,2 bilhões de produção agropecuária, o PIB total agropecuário do país é de R$ 470 bilhões, algo em torno de apenas 6,36% do PIB nacional, estimado em R$ 7,389 trilhões para o ano de 2019.

Atraso

O agronegócio é a raiz do atraso brasileiro, seu desempenho é pífio e contrasta com a imensa propaganda que o setor realiza na grande mídia, a realidade exige que a sociedade supere essas forças que amarram o Brasil ao passado. 

Não paga a destruição 

O agronegócio no Brasil é um fracasso contundente, caso a conta da destruição ambiental fosse repassada para o setor, toda sua produção não custearia os danos causados aos brasileiros, como se percebe na Bahia e em Minas Gerais.

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