sexta-feira, 5 de abril de 2019

No meio do caminho tinha uma pedra, por Marco Atílio




No meio do caminho tinha uma pedra, por Marco Atílio

A mais recente pesquisa sobre o governo de Jair Bolsonaro, líderes políticos e partidos trouxe alguns números óbvios e outros não tão óbvios assim. A pesquisa publicada no El País Brasil foi realizada pelo Atlas Político (aqui) entre os dias 1 e 2 de abril, entrevistando duas mil pessoas em todo o território nacional.

Sobre o governo Bolsonaro os números disseram o óbvio: derrete assustadoramente rápido. Em apenas um mês o governo perdeu o apoio de quase 10% dos entrevistados, foi de 38,7% em fevereiro para atuais 30,5% e caindo. Pela qualidade equina do presidente e ministros, evidente que não se podia esperar outra coisa.

Quanto às personalidades políticas, o destaque é a impressionante força de Lula. Preso e incomunicável há quase um ano, impedido de dar entrevistas ou até mesmo de ser visto no velório de seu neto, aparece com 30,9% de aprovação da população. Lula parece imune a qualquer tentativa de apagá-lo da mente dos trabalhadores e pobres do país. Um verdadeiro fenômeno.

Por último, interessante observarmos os números que mostram a preferência dos eleitores pelos partidos. Nessa parte a notícia fica triste para bolsomínions, antipetistas e idiotas em geral. O PT detém 15,8% da preferência do eleitorado, o partido que mais se aproxima é o do presidente Bolsonaro, PSL, com 5,5% da preferência. O PT sozinho é maior que PSL (5,5%), Novo (2,1%), PDT (1,9%), PSOL (1,2%), MDB (1,0%), PSDB (1,0%), PCdoB (0,7%), DEM (0,7%) e PSB (0,3%) juntos.

Quem apostou na morte do PT ano passado errou feio. Nos primeiros embates no congresso entre governo e oposição o PT deu aula e engoliu os demais, ressalva aos deputados do valente PSOL que faz seus 10 parlamentares parecerem 50. Quanto mais o governo Bolsonaro derreter, maior ficará o PT e Lula de forma inversamente proporcional.

Dito isso, vale um alerta ao prefeito Darci Lermem. Darci é daqueles que fazem o que for preciso para ganhar a todos. Sabendo que Parauapebas ainda reúne um grande grupo de apoiadores do moribundo governo Bolsonaro, foi capaz de gravar uma mensagem dando os parabéns pelo aniversário do presidente. Foi uma atitude desnecessária e perigosa.

Bolsonaro cai de popularidade como uma jaca podre vai ao chão. É possível imaginar um cenário nas eleições de 2020 onde Bolsonaro será para os candidatos o que Michel Temer foi em 2018: uma figura altamente tóxica que ninguém queria se associar ou mesmo sair ao lado em uma foto. Nesse cenário, qualquer mensagem do prefeito Darci se congratulando com Bolsonaro será bem-vinda na campanha da oposição.

Outro alerta, o PT pretende lançar candidato próprio para disputar a prefeitura de Parauapebas no ano que vem. Os nomes mais cotados são do ex-vereador Miquinhas da Palmares ou do ex-secretário de educação Raimundo Neto.

Bom, acho que nem é preciso perder tempo explicando de quem essa possível candidatura do PT irá tirar votos. Claro, seria muita petulância dizer, sem nenhuma pesquisa em mãos, que o PT teria uma candidatura com força suficiente para ganhar as eleições, mas uma coisa se pode afirmar sem a menor chance de errar: Miquinhas da Palmares ou Raimundo Neto será uma pedra no meio do caminho da reeleição de Darci, como diria o poeta Carlos Drummond de Andrade.

Darci teria que trabalhar daqui para frente com um objetivo em mente: não permitir que essa pedra se torne um prego, pois pregos, eventualmente, são usados para fechar caixões.

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