quinta-feira, 19 de julho de 2018

PARAUAPEBAS: IMPRESSÕES À DISTÂNCIA - por Léo Mendes






Parauapebas: impressões da distância

O valor das coisas não está no tempo que elas duram,
mas na intensidade com que acontecem.
Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas
 inexplicáveis e pessoas incomparáveis.


O filósofo alemão Friedrich Nietzsche, numa de suas mais simbólicas metáforas, afirmava que a “altura do voo da águia tornava sua visão mais ampla”, talvez, “melhor”. Não me arvoro águia, tampouco filósofo; mas, entendo que “o olhar à distância” nos permite uma observação mais racional ou, pelo menos, menos suscetível a nossos desejos e expectativas!

Assim, me senti em recente visita a Parauapebas, depois de quase 4 anos! 

Conheci a “capital do ferro” em princípios dos anos 90! Então, recém emancipada e em plena efervescência do “boom mineral”, espalhava-se em sua população a “febre do ferro” representada pela crença nos “400 anos de exploração e riqueza”: era o devaneio da grandeza infinita e inesgotável!

Essa ideologia, propagada pela megalomania de seu primeiro prefeito, Faisal Salmen, foi reforçada, nos meados daquela década, pelo marketing da “big sister” VALE (CVRD), privatizada em maio de 1997, como mecanismo de aceitação, pela sociedade parauapebense, da nova situação: Parauapebas estava condenada à grandeza... e ela seria praticamente eterna: 400 anos!

Nos anos que residi em Parauapebas, entre fins de 2006 e início de 2015, o “devaneio mineratório inesgotável” se esvaecia, pois, como nos lembrou Karl Marx, “tudo que é sólido se desmancha no ar”. A VALE se tornara onipresente, a cidade dependia cada vez mais de seus investimentos; mas, as “commodities minerais” começavam a declinar nos mercados mundiais!

A realidade batia-nos à porta; mas, poucos quiseram vê-la! A cidade dependia demais da VALE e de “seu ferro”! Alguns, como foi o caso do ex-secretário municipal de Cultura, Claudio Feitosa, clamavam para a urgência de se buscar uma nova matriz econômica, ou mais de uma, ainda que em caráter complementar! Mas, apesar de seus esforços, muito se falou, nada se fez!

Agora, já em fins da segunda década do século XXI, e depois de quase 4 anos de distância, estive em Parauapebas: ver família e amigos; sentar-me no “senadinho do Baixinho”, “momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”; encontros, reencontros, ausências”!

Desta feita, entretanto, a realidade pareceu-me “bater às portas” de modo mais agudo e estridente na forma de crise visível e profunda: em todas as partes, em todos os cantos da cidade os efeitos do esgotamento de um ciclo estava evidente! 

E, embora eu não tenha o dom da síntese, e, muitas vezes, quando me lanço a escrever, sofra de seu oposto, ser “prolixo”, isto é, demasiado extenso nas palavras e explicações, dessa vez posso resumir numa palavras as impressões que a distância me trouxe: DESALENTO!

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