quinta-feira, 1 de março de 2018

Eleição Incerta, por Marco Atílio




Eleição Incerta - Por Marco Atílio

Foi divulgada mais uma pesquisa para governador do Pará com alguns possíveis candidatos. O Ibope apresentou números que fizeram os entusiastas do candidato Helder Barbalho abrirem um sorriso de orelha a orelha. Tenho uma avaliação diferente do resultado que a pesquisa trouxe. Em minha opinião não há motivos para festas, mas de preocupação. 

Antes de qualquer análise, é importante lembrar que HB vem sendo beneficiado por uma superexposição midiática desde as eleições de 2014. Nomeado ministro pela então presidenta Dilma, continuou ministro de Temer e tem sistematicamente usado o cargo como palco de sua constante campanha. Nessas condições, obviamente que apareceria como primeiro colocado em qualquer pesquisa, seja estimulada ou espontânea. 

Também temos de levar em consideração duas importantes ressalvas: nem o Partido dos Trabalhadores (PT) definiu se terá candidato próprio, nem o governo (PSDB) ainda lançou seu nome à disputa. 

Qualquer candidato do PT certamente teria algo em torno de 15% dos votos do eleitorado, no mínimo. Também seria ingenuidade pensar que o candidato apoiado pela máquina (governo), seja quem for, teria percentual abaixo de 10% dos votos como mostra a pesquisa. Impossível. 

De acordo com o Ibope, HB ainda tem um sério problema a resolver: o eleitorado da região metropolitana teima em não sucumbir ao seu charme. Belém e as cidades do entorno somam mais de 31% dos eleitores de todo o Estado. Quando analisamos os números apenas dessa região, é fácil constatar que o nome Barbalho não desce redondo. De uma média geral de 27% salta para 37% no índice de rejeição. 

O recuo na intenção de votos também é grande, de 36% na média geral para 30% - ou, considerando a margem de erro, até menos. De forma incompreensível, HB não tem um bom desempenho em seu próprio reduto. Nas eleições de 2014 levou uma vergonhosa surra de Jatene dentro de Ananindeua, cidade que o jovem Barbalho governou por 8 anos. 

A pesquisa ainda traz uma novidade que deve aparecer nessas eleições com potencial de jogar água no chope dos velhos caciques. A novidade atende pelo nome de Úrsula Vidal. Mesmo antes de se lançar oficialmente como candidata, já aparece com quase 10% das intenções de votos em todos os cenários e, ao considerar apenas a região metropolitana, uma impressionante média de 20%. 

Uma campanha que, levada pelo debate nacional, se espera que tenha um forte apelo no combate a corrupção e uma cuidadosa análise do histórico de cada candidato por parte dos eleitores, ter uma candidata bem articulada, inteligente, simpática, com biografia limpa e larga experiência em mídia televisiva, como Úrsula Vidal, pode encaixar como uma luva no momento histórico pelo qual passa o Brasil e Pará. 

Úrsula Vidal já demonstrou que não está disposta a negociar suas convicções. Não titubeou em abandonar a Rede Sustentabilidade quando viu Marina Silva dar declarações, no mínimo, constrangedoras para quem se autodenomina do campo progressista, em particular no apoio ao golpe de 2016 e sobre a condenação de Lula no TRF4. 

Outro parêntese no resultado da pesquisa Ibope: HB até o momento tem jogado sem adversários em campo. Quando o time do governo entrar no jogo, o percentual de seu candidato fatalmente crescerá e, em função do perfil de seus eleitores, fará uma enorme pressão para cima dos Barbalhos. Se o PT lançar candidato próprio, mais alguns percentuais lhe escaparão pelas mãos. Úrsula Vidal viria para azedar de vez a feijoada. 

Quando se observa os números da pesquisa e então incluímos todas as possíveis variáveis no jogo, fica fácil deduzir que a possibilidade dessas eleições terminar no primeiro turno é praticamente zero. A depender da decisão do PT, poderemos ter 4 fortes candidatos em debate. Independentemente do PT, ainda sobrariam 3 fortes nomes na disputa, o que inviabilizaria a liquidação da fatura no primeiro turno.
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Marco Atílio - Analista Político para o Blog Sol do Carajás

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