sexta-feira, 11 de novembro de 2016

XADREZ DO GOLPE - por Luis Nassif

Xadrez da financeirização de Trump a Temer


Não aposte no fracasso de Donald Trump. Esse americano truculento, primário, grosseiro, tem trunfos na manga para algumas mudanças fundamentais, que poderão relançar a economia norte-americana.
Poderá ser um Franklin Delano Roosevelt às avessas. Enquanto Roosevelt salvou a economia norte-americana brandindo o discurso da solidariedade, valendo-se do triunfo econômico para consagrar a democracia, Trump poderá trazer de volta o dinamismo aos EUA e consagrar a intolerância e o voluntarismo como fator determinante.
Como é uma questão intrincada, vamos por partes para compor o nosso xadrez.

Leia a análise completa de LUIS NASSIF  - assine o Jornal GGN



Peça 7 - o neoliberalismo à brasileira


"No Brasil, no momento em que se resolvesse a questão da dívida pública e dos juros pagos pelo Tesouro, a recuperação da economia seria questão de meses. A política monetária do Banco Central, 14% de taxa básica de juros para uma economia que amarga a maior depressão da história, não é apenas um erro de análise: é crime. Se um dia houver um tribunal para julgar os grandes crimes financeiros da história, não isentará um dirigente de BC brasileiro desde Francisco Gros a Ilan Goldjan – o criador da planilha das metas inflacionárias.

Mais que isso, o eventual sucesso de Trump poderá demonstrar que o sistema de freios e contrapesos das democracias acabou criando freios demais, tornando as democracias disfuncionais e exigindo o estadista capaz de atropelar leis, constituição, separação de poderes.

E o maior exemplo da crise da democracia está aqui mesmo, com um Ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Luis Roberto Barroso, defendendo o estado de exceção, um mero procurador do Tribunal de Contas definindo políticas fiscais, um juiz de primeira instância e procuradores regionais atropelando direitos básicos, em cima do vácuo do Supremo. E, principalmente, um golpe que resultou na ampliação da falta de rumo, das benesses financeiras em um momento em que a potência hegemônica do capitalismo financeiro diz não.

A eleição de Trump é o ponto de não retorno. O que virá daqui em diante é uma incógnita ampla, que passa pelo reposicionamento estratégico da China, pela maneira como a União Europeia irá se comportar, pelos impactos sobre o comércio global e, principalmente, sobre as maneiras como a democracia irá se modificar, para ser preservada. 

E, em todos os campos institucionais, o Brasil irá para essa guerra armado com personalidades públicas de pequena dimensão, Michel Temer, Eliseu Padilha, Geddel, Henrique Meirelles, José Serra, FHC, Luis Roberto Barroso, Rodrigo Maia, Carmen Lucia, Rodrigo Janot, nenhum à altura dos grandes desafios que se apresentam em seus campos.

Aumentam as possibilidades de uma solução bonapartista em 2018."

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