segunda-feira, 4 de julho de 2016

Parauapebas: os possíveis efeitos da inauguração do Hospital Geral sobre as próximas eleições municipais, por Henrique Branco

HGP: a “bala de prata” do governo Valmir




A expressão bala de prata foi adotada como uma metáfora para designar uma solução simples para um problema complexo com grande eficiência. Esta metáfora é tipicamente empregada no mundo da tecnologia, em especial na tecnologia da informação, referenciando-se a um novo produto ou tecnologia com o qual se espera vir a resolver um problema anteriormente existente.

No caso de Parauapebas, a “bala de prata” é o novo Hospital Geral que foi entregue no último dia 01, pelo governo do prefeito Valmir Mariano, no prazo limite estipulado pela justiça eleitoral para que os gestores em processo de disputa de reeleição possam inaugurar obras públicas. Sem dúvida e sem cerimônia, o prefeito e seus assessores mais próximos fizeram o possível para “entregar” tal obra para a população, mesmo que a mesma não entre em operação, mesmo depois da festa, da placa e do corte da faixa, simbolizando que tal empreendimento passasse ao uso público.

Como esperado por muitos não vou criticar o prefeito ou sua gestão por tal “manobra” para se enquadrar na lei eleitoral. Infelizmente, esse tipo de atitude se tornou corriqueira em ano eleitoral e por quem quer se manter no poder. Todos a promovem, infelizmente. Portanto, Valmir não pode ser crucificado por isso. A questão é ter inaugurado o hospital sem que o espaço possa ser usado pela população. A assessoria de comunicação da prefeitura divulgou nota informando as etapas de acesso aos procedimentos hospitalares. Os de maior complexidade só serão acessados pela população no final do mês de setembro, isso se o cronograma de execução da obra se mantiver conforme o planejamento divulgado.

Valmir e seus assessores mais próximos sabem que o HGP é a obra mais importante da cidade, sabem que todos os parauapebenses esperavam ansiosos pela conclusão e funcionamento. Parauapebas, município bilionário, já merecia um hospital do porte do que foi inaugurado. Pensado em 2006 e com obras iniciadas em 2007, o hospital era um anseio dos milhares de cidadãos que moram aqui e que foi se arrastando por anos. Erros primários foram cometidos em seu projeto inicial e que fizeram o custo da obra multiplicar por nove. A previsão inicial do custo girava em torno de nove milhões. Dez anos depois, com dezenas de aditivos, a inauguração chegou aos impressionantes 100 milhões de reais, entre estrutura física e equipamentos.



Dentro do prazo legal da justiça eleitoral, o governo Valmir Mariano entregou a obra, que aliais, foi digna de um grande vento, com alto investimento. Tudo para causar grande impacto aos moradores da “capital do minério” e alavancar a baixa popularidade do prefeito Valmir. O HGP tornou-se a “grande cartada” da atual gestão municipal para se manter competitivo pela disputa pelo Palácio do Morro dos Ventos, diminuindo o favoritismo do ex-prefeito Darci Lermen.

Outro ponto que chamou atenção na ocasião da inauguração do Hospital Geral de Parauapebas, que diga-se de passagem, será o maior da região, desbancando o município de Marabá, foi a ausência de diversas autoridades paraenses, entre elas a maior: governador Simão Jatene, que não compareceu ou enviou algum representante de seu primeiro escalão. Essas ausências levantando diversos questionamentos. Por que a inauguração (mesmo que inacabada) de uma importante obra, a maior da região, o governo do Estado não se fez presente? O que está ocorrendo nos bastidores?

Ainda há diversas obras a serem inauguradas pela atual gestão, a partir de agora, sem a presença do prefeito Valmir, impedido pela legislação eleitoral, mas que poderão surtir impacto positivo na avaliação de sua gestão. A maior de todas foi entregue, inacabada, mais foi. Resta saber se a “bala de prata” surtirá efeito positivo, sendo responsável pela guinada do governo Valmir ou a forma como foi entregue e os meses seguintes de operação, poderão ter efeito contrário. Vamos aguardar.

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