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quinta-feira, 17 de agosto de 2017

O caso do vergonhoso deputado Wladimir Costa

Wlad e a arte de aparecer





Wladimir Costa, deputado federal, presidente estadual do Solidariedade, em poucos dias, tornou-se o político mais comentado do país. Superou figurões da política e até os que constam nas investigações da operação Lava Jato. Sua história de vida é um grande enredo, obra biográfica que renderia possivelmente uma tese dentro da Antropologia. Do menino pobre que preambulava nas baixadas da do bairro da Pedreira, periferia de Belém, foi feirante, radialista e deputado federal mais votado do Pará (eleição de 2006). Wlad já está em seu quarto mandato em Brasília. 
No início, por conta de sua popularidade, se aproximou dos Barbalho, ingressando no PMDB e sem muito esforço, regado a muito churrasquinho e festas de aparelhagem, chegou ao Planalto Central. Por seu crescimento político e empresarial, criando no varejo rádios em dezenas de munícipios paraenses (algo que logo seria a sua principal sustentação política).



Rompeu com os Barbalho. Atravessou a “avenida política” que controla o Pará desde o processo de redemocratização, na disputa entre PMDB e PSDB e se aproximou dos tucanos e Maiorana. Se elegeu (e ainda mantém o discurso) de ser o “federal do povão”. Portanto, se manteria próximo dos mais necessitados, com a postura incorporado do “cabloco” amazônico. Não demorou muito para se tornar uma figura folclórica dentro do Plano Piloto. Seus mandatos se resumiram a frases de efeitos, apresentações espalhafatosas, muitas ausências e emendas parlamentares.
Wlad quando era radialista, o de maior audiência em seu horário, sempre dizia que nunca seria candidato. Mas, percebeu que a sua popularidade poderia lhe levar rapidamente ao centro do poder nacional e desistiu logo de manter a promessa. Tem ótima oratória e persuasão.
Sua atuação como parlamentar é marcado pela excentricidade e trejeitos como o projeto do dia do professor de dança, assim como por não ser assíduo. Faltou a 70% das 174 sessões deliberativas do início de 2015 até a metade de 2016 (período consultado). A maioria das faltas foi justificada como licença médica para tratar de problemas em sua coluna, enquanto outras 24 não tiveram justificativas.
No campo eleitoral, para a felicidade dos paraenses lúcidos e com o mínimo de entendimento sobre política, a cada eleição, os eleitores de Wlad vêm diminuindo. Em 2010, obteve 236.514 votos. Na eleição seguinte, 2014, caiu para 141.060. Ou seja, ele obteve quase 100 mil votos a menos em quatro anos. Se manteve em Brasília pela cota partidária. Pelo andamento do processo político e sua atuação parlamentar, possivelmente, Wladimir Costa poderia não configurar entre os eleitos (ainda mais se a proposta do “distritão” valer, ou seja, no caso do Pará, os 17 mais votados para deputados federais elegem-se direto sem vinculação de proporcionalidade).
Em 2016, teve o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA). A Corte julgou a arrecadação e gastos ilícitos na campanha eleitoral. Ele recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e se mantém no cargo, esperando o julgamento do recurso. Há outros processos que Wlad responde na justiça: peculato, calúnia, injúria e difamação. 
Recentemente o deputado tatuou o nome do presidente Michel Temer em um dos braços. Essa ação tornou-se o ápice de suas investidas em visibilidade. Funcionou. Diversos portais de notícias pelo Brasil se interessaram por ele. A tatuagem não é definitiva, foi feita às pressas, para exibição em um evento político. Já deve ter saído da pele do parlamentar. Mas seu efeito de visibilidade foi devastador. Wlad é estrategista. Sabe como poucos criar personagens e chamar a atenção.
Ele sabe, por exemplo, que a sua improdutividade no Congresso, além de ausências, já lhe tirou quase 100 mil votos em quatro anos. Sabe também que a sua continuidade em Brasília está ameaçada. Em 2018, a sua desidratação política poderá ser maior. Suas decisões e ações são calculadas e analisadas. Fora do “planejado” seu deslize em todo esse processo foi ter sido flagrado em pleno plenário do Congresso Nacional em conversas nada republicanas por uma rede social de conversas instantâneas, o que – de fato – “pegou” muito mal.
No último domingo (13), mais um amplo processo de visibilidade ocorreu. O programa “Fantástico” da Rede Globo abordou desvios de recursos públicos que o deputado é acusado. Ter captado dinheiro (210 mil reais) para a execução de projeto social no município de Barcarena (um dos seus maiores redutos eleitorais), mas que nunca ocorreu ou, pelo menos, ter sido visto no local que foi projetado.
E assim, desta forma, bem ou mal, correto e errado, Wladimir Costa saiu do marasmo, do quase anonimato no Congresso Nacional para se tornar manchete na imprensa nacional e consequentemente popular. Resta saber se essa popularidade o manterá em Brasília no próximo ano ou lhe expurgar da vida pública de vez. Por enquanto, só cabe aos paraenses pedirem desculpas ao Brasil. 

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