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segunda-feira, 23 de junho de 2014

Parauapebas vive seu pior momento, Valmir da Integral pode levar cidade ao declínio econômico

"A maior parte do esgoto corre a céu aberto e o índice de coleta de lixo é de apenas 13%, enquanto a média brasileira é de 48%, o que já é considerada longe do ideal. No quesito violência, Parauapebas revela um cenário de verdadeiro “Faroeste Caboclo”, com uma taxa anual de 60,5 homicídios por 100.000 habitantes, ficando vergonhosamente entre as 100 cidades mais violentas do Brasil." (Diário do Pará)

Valmir da Integral: muita propaganda, até na revista Veja, para esconder o pior governo que o município já teve.Os desvios saltam aos olhos da população, farra com consultorias e convênios milionários. Apenas para um advogado o empresário dono da Integral, prefeito da cidade, pagou mais de R$ 40 milhões. A cidade estranha a falta de atuação do Ministério Público.
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Riqueza X pobreza na cidade com maior PIB do Pará

Riqueza X pobreza na cidade com maior PIB do Pará (Foto: Rubens Ramos)
Com o maior PIB do Pará e um dos maiores do Brasil, Parauapebas vive um paradoxo no seu desenvolvimento (Foto: Rubens Ramos)
Em abril deste ano a revista Exame, de grande circulação nacional, publicou uma matéria destacando que a riqueza do município de Parauapebas teria um prazo de validade. Nas páginas da revista, os especialistas informaram que essa riqueza teria um prazo de validade, apenas 20 anos.

Isso porque a pujança de Parauapebas se assenta em uma única atividade econômica, a exploração das jazidas de Carajás pela companhia Vale. Em 2013, ela extraiu 105 milhões de toneladas de minério de ferro em Parauapebas, um terço de sua produção dessa matéria-prima no país. Mas, fazendo uma análise menos superficial, é fácil afirmar que esse debate é infrutífero porque leva a crer que hoje a situação é boa em Parauapebas e que poderá piorar. Quando, na verdade, os problemas no município mais rico do Pará estão ocorrendo agora, justamente na época das vacas gordas. E provar isso é fácil, com a ajuda dos números.

Por exemplo, o Produto Interno Bruto (PIB) de Parauapebas cresceu 144% entre os anos de 2008 a 2011, enquanto a média nacional não fez nem cócegas no mesmo período. Ficou em apenas 10%.

Outra boa comparação para entendermos o valor de todas as riquezas do município é que o PIB do Pebas supera o de Belém (capital do Pará). E não é só isso: supera também o dos Estados do Tocantins, Roraima, Acre e Amapá.

Para quem não sabe, Parauapebas foi o município campeão em exportações no Brasil em 2013. 

Somente a exportação de minérios gerou US$ 10 bilhões em divisas, enquanto São Paulo, o segundo colocado, gerou US$ 8,6 bilhões. Quem mora em outro Estado deve imaginar que Parauapebas é um primor de cidade, com ruas totalmente asfaltadas, saneamento básico com 99% de atendimento à população, sem problemas de moradia e com violência reduzida a taxas de países da Escandinávia (região bastante desenvolvida da Europa)... Não. Na verdade, o que ocorre é exatamente o contrário. Em Parauapebas nada menos de 22 mil famílias vivem em habitações precárias.

A maior parte do esgoto corre a céu aberto e o índice de coleta de lixo é de apenas 13%, enquanto a média brasileira é de 48%, o que já é considerada longe do ideal. No quesito violência, Parauapebas revela um cenário de verdadeiro “Faroeste Caboclo”, com uma taxa anual de 60,5 homicídios por 100.000 habitantes, ficando vergonhosamente entre as 100 cidades mais violentas do Brasil.

A divulgação desses números não é uma crítica à Vale ou mesmo à prefeitura municipal. É uma crítica ao modelo de produção implantado em regiões de riqueza mineral.


Morros verdes substituídos por terra plana

Atuando há décadas nesta região, o combativo sociólogo e engenheiro agrônomo Raimundo Gomes da Cruz Neto observa que o processo de destruição de Parauapebas é visível.

Um exemplo é que os morros verdes que sempre compuseram a paisagem da cidade estão sendo cobertos de barracos em áreas de ocupações ou cortados num processo afoito de terraplenagem para construção de loteamentos urbanos, destinados a quem pode pagar por um terreno.

Algo visível é a destruição das margens dos rios para extração de seixo e areia, sobretudo na área do Cedere I, no PA Carajás III, onde a prática que alimenta a construção civil está destruindo igarapés, nascentes e deixando grandes crateras.

Ele chama atenção para o fato de que o município de Parauapebas tem uma área pequena, porque boa parte é a Floresta Nacional de Carajás e outra parte razoável é onde está a reserva indígena dos Xikrin do Cateté. “Dentro de pouco tempo, o espaço vai ficar inviável para sobrevivência humana”, alerta.

A especulação que se forma em torno desse modelo de exploração é inacreditável. Vendedores de material para construção faturam alto. Para se ter uma ideia, há comerciantes que compram o volume de uma caçamba com 15m³ de areia a R$ 50 e vendem na cidade a R$ 70, apenas 1m³. Nessa matemática, o comerciante ganha R$ 1 mil, tirando os R$ 50 que gastou inicialmente.

É óbvio que numa situação como esta, os índices de violência só podem mesmo é subir, ainda mais porque muita gente desembarca todos os dias na cidade em busca de emprego, mas sem muitas vezes ter a qualificação necessária que o mercado exige.

Com isso, aumentam os furtos, roubos, prostituição, uso de drogas (principalmente o crack) e junto com isso os homicídios.

Para professor, desenvolvimento nunca chegou

O geógrafo Bruno Malheiro, professor da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) vai mais longe em sua análise: “Quando falamos nos impactos não podemos nos restringir às áreas de exploração, pois o impacto da mineração é efetivamente regional, não só porque retira de seus territórios várias comunidades por onde passa, mas porque estimula uma dinâmica migratória, acelerando o crescimento periférico das cidades, alargando as áreas de ocupação sem responder a estas pessoas que chegam, em termos de serviços e qualidade de vida”.

Por isso, observa o professor, as cidades do sul e sudeste do Pará apresentam, em termos de habitação, segundo o Plano Estadual de Habitação de Interesse Social, mais de 90% de carência de infraestrutura e um déficit habitacional que ultrapassa os 40%. Isso para não falar que a mineração produz uma receita tributária para o Estado irrisória se comparada aos lucros das empresas.

O pior de tudo isso, na avaliação do professor, é que, diante de tanta contradição, as notícias sempre são animadoras, as manchetes sempre encaram isso como desenvolvimento e progresso. “Nossa região sempre é a região do futuro que, inclusive, esquece que este futuro já foi prometido anos atrás e nunca chegou, nos projetamos para frente esquecendo a nossa história e esquecendo nossas reais necessidades presentes”, alerta.

Um comentário:

  1. Por que Parauapebas não tem 1 Ministério Público atuante? Seria por que os Magistrados vêm da capital e não se importam com este rincão do Estado?
    Seriam mal remunerados? Não estão nem ai por que não são cobrados de seus Superiores? Seria influência do Governador do Estado? Acredito que a resposta seria uma desses questionamentos. Qual eu não sei. Em propina e falta de capacidade não acredito, só não entendo porque todo este descaso com um município que poderia ser modelo de prosperidade para o Estado, afinal aqui é Pará tão quanto Belém. Moro aqui nesta cidade há 15 anos e gostaria de entender esses por quês!!!

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